Em documento conjunto, países que participam do bloco manifestaram preocupação e “enérgica condenação” à tentativa de ruptura da democracia da Bolívia desta quarta (26). Manifestantes fazem ato no dia 27 de junho de 2024 em apoio ao presidente da Bolívia, Luis Arce, após tentativa de golpe frustrada
Ricardo Moraes/Reuters
Países-membros e associados do Mercosul divulgaram nesta quinta-feira (27) uma nota conjunta em que prestam solidariedade ao presidente boliviano Luis Arce e condenam a tentativa de golpe na Bolívia.
Nesta quarta-feira (26), militares liderados pelo general Juan José Zúñiga tentaram invadir a sede do governo em La Paz. Tanques do Exército e militares armados chegaram a invadir o Palácio Quemado, a antiga sede do governo que ainda funciona para atos protocolares.
“Os Estados Partes do Mercosul e Associados manifestam sua profunda preocupação e enérgica condenação às mobilizações de algumas unidades do exército boliviano, que visam a desestabilizar o governo democrático do Estado Plurinacional da Bolívia, descumprindo os princípios internacionais da vida democrática e, em particular, do Mercosul”, diz o documento.
Os países que participam do Mercosul também afirmaram rejeitar qualquer tentativa de mudança de poder “por meio da violência e de forma inconstitucional que atente contra a vontade popular, soberania e autodeterminação dos povos”. E declararam apoio ao presidente boliviano.
“Expressam sua solidariedade e irrestrito apoio à institucionalidade democrática do governo constitucional do presidente Luis Arce Catacora e suas autoridades democraticamente eleitas, e exortam a manutenção da democracia e a plena vigência do estado de direito”, finaliza a nota conjunta.
Formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o Mercosul foi criado em 1991. Além dos Estados membros, também existem os chamados Estados associados, entre os quais Colômbia, Bolívia e Chile.
General preso
Governo brasileiro condena tentativa de golpe na Bolívia
Zúñiga foi preso na entrada da sede do Estado-Maior e, segundo a Associad Press, afirmou que o golpe foi orquestrado pelo próprio presidente Luis Arce. Além dele, Juan Arnez Salvador, ex-comandante da Marinha, também foi detido.
“No domingo, na escola La Salle, me encontrei com o presidente e ele me disse que a situação está muito complicada”, afirmou Zúñiga. O general disse ainda que recebeu autorização do presidente para levar blindados às ruas.
No dia anterior, Zúñiga havia sido destituído do cargo de comandante do Exército após fazer ameaças a Evo Morales – ele afirmou que prenderia Morales caso o ex-presidente volte ao poder.
Na discussão entre Arce e o general, os dois gritam, e o presidente ordenou que o ex-comandante do Exército desmobilizasse as tropas. Zúñiga não responde.
Após cerca de quatro horas de tensões, o movimento foi desmobilizado por ordem de Arce, e os militares que participaram da tentativa de golpe deixaram o local, cercados por soldados que se mantiveram fiéis ao governo.
Mercosul e países associados condenam tentativa de golpe na Bolívia e prestam solidariedade a Arce
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Alex Lorel
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