Eleições nos EUA 2024: é possível substituir Biden como candidato do Partido Democrata?

Desempenho do democrata no debate de quinta-feira fez aumentar as dúvidas se o presidente dos Estados Unidos, de 81 anos, teria condições de governar o país por mais quatro anos. Joe Biden em debate presidencial, nos Estados Unidos, em 27 de junho de 2024
REUTERS/Brian Snyder
O criticado desempenho do presidente Joe Biden no primeiro debate presidencial dos Estados Unidos, na quinta-feira (28), fez crescer uma questão: é possível substitui-lo como candidato do Partido Democrata à presidência?
As eleições dos EUA acontecem em 5 de novembro. A convenção dos democratas, que vai confirmar Biden como candidato à reeleição, será entre 19 de agosto e 22 de agosto —daqui a menos de dois meses.
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Com voz rouca —atribuída a um resfriado—, pouco entusiasmo e hesitante, Biden, de 81 anos, perdeu o debate para Donald Trump, de 78 anos, apontam quase todos os analistas políticos. Trump, candidato do Partido Republicano à Casa Branca, despejou uma série de mentiras com calma e de forma assertiva, sem ser corrigido por Biden.
Após o debate, a imprensa norte-americana citou o estado de pânico de uma série de integrantes do Partido Democrata e a preocupação se o presidente dos EUA terá capacidade de governar por mais um mandato.
No entanto, o caminho para substituí-lo não é fácil. Entenda o seguir o cenário:
É possível substituir Biden?
Em tese, sim. É possível que o Partido Democrata substitua Biden por outro candidato. Mas uma coisa é a teoria; outra, a prática.
Um dos principais problemas é que os delegados que votarão em Biden são, em tese, do próprio presidente, e não do partido — nos Estados Unidos, os pré-candidatos de cada partido disputam prévias em cada Estado e território do país, elegendo um certo número de delegados em cada um deles. Quem tiver o maior número de delegados ao final do processo se torna o candidato do partido à Presidência.
Foi a campanha de Biden, e não o partido, quem angariou esses delegados em cada estado, que já realizaram suas primárias presidenciais.
As regras democráticas determinam que os delegados que Biden ganhou continuem obrigados a apoiá-lo na próxima convenção nacional do partido, a menos que ele lhes diga que está abandonando a disputa.
As normas atuais determinam que “os delegados eleitos para a convenção nacional comprometidos com um candidato presidencial devem, em sã consciência, refletir os sentimentos daqueles que os elegeram”.
A brecha nessa história é que as convenções e suas regras são controladas pelos partidos políticos. O Comitê Nacional Democrata poderia se reunir antes da abertura da convenção, em 19 de agosto, e mudar essas normas, mas isso não é provável por conta de outra norma: deve ser o próprio candidato quem expresse o desejo de retirar sua candidatura.
Biden pensa em desistir?
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Não, segundo fontes próximas a ele. O presidente vem indicando não ter planos de desistir e, nesta sexta, disse: “eu pretendo vencer esta eleição”.
Na noite de quinta, na saída do debate, afirmou aos apoiadores que “vamos continuar”. A porta-voz da campanha de Biden, Lauren Hitt, também disse na ocasião que “é claro que ele não vai desistir”.
Isso já aconteceu antes?
Não, e esse é outro dificultador. Os democratas teriam de convocar uma reunião extraordinária e aberta antes da convenção de agosto, algo que não é costumeiro.
Caso Biden desistisse, quem entraria em seu lugar?
Desde a noite de ontem, diversos nomes de democratas vêm sendo levantados nas redes sociais, na imprensa e entre membros do partido no caso de Biden desistir: os dos governadores da Califórnia, Gavin Newsom, de Michigan, Gretchen Whitmer, da Pensilvânia, Josh Shapiro, o de sua vice, Kamala Harris e até o da ex-primeira-dama Michelle Obama.
Há também os pré-candidatos que Biden venceu nas primárias do partido, como os senadores Bernie Senders, Elizabeth Warren e Amy Klobuchar.
Até a tarde desta sexta, no entanto, nenhum deles havia manifestado a intenção de apresentar candidatura.
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Alex Lorel

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