Pelo terceiro dia consecutivo nesta sexta (9), manifestantes antirracistas superaram em número os manifestantes da direita radical em diversos locais do país. Esta foi a primeira manifestação do monarca desde o início dos protestos anti-imigração da direita radical, na semana passada. Rei Charles III em foto de 29 de janeiro de 2024.
Toby Melville/Reuters
O Rei Charles III pediu respeito mútuo e compreensão após os protestos racistas contra muçulmanos e imigrantes no Reino Unido, disse um porta-voz do Palácio de Buckingham nesta sexta-feira (9).
Esta foi a primeira manifestação do monarca desde o início dos protestos da direita radical, na semana passada.
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O rei agradeceu à polícia e aos serviços de emergência pela resposta aos distúrbios e elogiou a maneira como grupos comunitários enfrentaram “a agressão e a criminalidade de alguns poucos”, segundo comunicado do porta-voz de Buckingham.
“Permanece a esperança de Sua Majestade que os valores compartilhados de respeito mútuo e compreensão continuem a fortalecer e unir a nação”, disse o porta-voz depois que Charles conversou por telefone com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e chefes de polícia.
Os protestos eclodiram em todo o país depois que postagens online identificaram falsamente o suspeito de ter matado três jovens em um ataque a faca em 29 de julho, em Southport, no noroeste da Inglaterra, como um migrante islâmico.
Protesto contra imigração na cidade de Rotherham, na Inglaterra, em 4 de agosto
Hollie Adams/Reuters
Os protestos eram protagonizados pela direita radical britânica e tinham como alvo locais que abrigam imigrantes. Os grupos comunitários elogiados por Charles III organizaram uma resposta aos protestos da direita radical –pelo terceiro dia consecutivo nesta sexta, manifestantes antirracistas superaram em número os manifestantes anti-imigrantes em vários locais. Veja abaixo o que se sabe sobre os protestos.
Milhares de policiais especializados devem permanecer de serviço neste fim de semana caso os distúrbios recomecem após três dias de calma. O Conselho Nacional dos Chefes de Polícia (NPCC) afirmou que mais de seis mil policiais treinados para controle de distúrbios estariam de serviço durante o fim de semana.
Após a onda de protestos, o governo britânico está considerando regulamentações mais rigorosas para as redes sociais no país.
Após dias de protestos da direita radical, Starmer disse que o aumento no número de policiais e a justiça rápida desencorajaram pessoas que ele chamou de “bandidos de extrema-direita”. Starmer afirmou também que “sentenças significativas” emitidas por tribunais em processos rápidos foram eficazes.
Embora a polícia tenha dito que não estava claro se há a expectativa para novas manifestações anti-imigração, mas cerca de 40 protestos antirracistas estavam programados para sábado (10), segundo um grupo chamado Stand Up to Racism.
Charles criou uma instituição de caridade, a Prince’s Trust, na década de 1970, que ajudou um milhão de jovens a encontrar trabalho ou criar projetos comunitários, e ela continuou a operar – inclusive em locais atingidos pelos distúrbios – após ele ser coroado como monarca.
O que se sabe sobre os protestos
O Reino Unido tem sido palco de protestos organizados pela direita radical desde a semana passada.
Distúrbios ocorreram na capital Londres e em cidades como Hull, Liverpool, Bristol, Manchester, Stoke-on-Trent, Blackpool e Belfast, com relatos de pedras lançadas, saques a lojas e ataques a policiais.
Em Liverpool, cerca de mil manifestantes anti-imigração, alguns gritando insultos islamofóbicos, enfrentaram contra-manifestantes, e a polícia teve dificuldade para manter a ordem. Centenas de pessoas foram presas.
A secretária do interior, Yvette Cooper, condenou as “cenas vergonhosas de violência e vandalismo” após dias de protestos em cidades do Reino Unido. Ela disse à BBC que “haverá uma cobrança” e prometeu “justiça rápida” para aqueles envolvidos nos distúrbios.
Já o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, convocou uma reunião de emergência nesta segunda-feira (5) devido aos protestos violentos, que ele descreveu como “vandalismo”. A reunião, conhecida como Cobra, contou com a presença de ministros, funcionários públicos, policiais e agentes de inteligência.
Após a reunião, Starmer anunciou a criação de um “Exército permanente” de policiais especializados para combater os protestos violentos. Ele também afirmou que a justiça criminal será “intensificada”. A polícia declarou que está “trabalhando incansavelmente” para identificar os envolvidos na desordem.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, prometeu total apoio do governo às forças policiais para combater “extremistas” que tentam “semear o ódio”.
Outros protestos menores em diferentes locais não resultaram em violência.
Origem
Manifestante segura sinalizador de fumaça em protesto contra a imigração na cidade de Rotterham, na Inglaterra, em 4 de agosto
Hollie Adams/Reuters
A onda de violência segue o assassinato de três meninas em Southport, na segunda-feira (29/8), que chocou o Reino Unido e gerou protestos em várias cidades.
Informações falsas nas redes sociais sugeriam que o suspeito do ataque, identificado como Axel Rudakubana, de 17 anos, era um imigrante radical islâmico.
Isso levou manifestantes anti-imigração de outras localidades a se deslocarem para Southport em resposta.
A polícia esclareceu que o ataque não está relacionado ao terrorismo e que Rudakubana nasceu no Reino Unido.
Ele enfrenta acusações de três homicídios, 10 tentativas de homicídio e uma de posse de arma branca.
Rudakubana permanecerá em custódia até uma nova audiência marcada para outubro.
Desinformação
Uma análise da BBC revelou que influenciadores estão promovendo esses protestos por meio das redes sociais, sem uma única organização central.
Nem todos os participantes ou comentadores dos protestos têm visões extremistas ou estão ligados a grupos de extrema-direita. Alguns protestos atraíram pessoas preocupadas com crimes violentos ou desinformadas sobre a conexão do ataque com imigração ilegal.
A English Defence League (EDL), um grupo de direita radical anti-Islã, foi identificada pela polícia como responsável pelos protestos violentos em Southport, que se espalharam pelo país.
Embora a EDL tenha se dissolvido formalmente, suas ideias, especialmente contra a imigração ilegal e direcionadas a muçulmanos, ainda são influentes online.
Influenciadores como “Lord Simon” no X (antigo Twitter) ajudaram a convocar protestos em todo o país, espalhando informações falsas sobre o atacante de Southport. O conteúdo, incluindo vídeos, foi amplamente compartilhado em plataformas como TikTok, X e Facebook.
Ativistas de direita radical fora de Merseyside, como Matthew Hankinson, aproveitaram a tragédia para amplificar suas mensagens.
Hankinson, um ex-membro do grupo neonazista National Action, usou as redes sociais para justificar a violência e divulgar material racista. Stephen Yaxley-Lennon, conhecido como Tommy Robinson, também desempenhou um papel significativo, reconstruindo sua presença online após a restauração de sua conta no X. Seus posts sobre Southport têm sido amplamente compartilhados.
Na sexta-feira (2/8), a BBC havia identificado pelo menos 30 novos protestos planejados, incluindo um em Southport. Os planos de protesto variavam entre referências diretas ao ataque e preocupações mais gerais sobre imigração e segurança infantil.
Rei Charles III agradece polícia e elogia comunidade por ação contra protestos da direita radical no Reino Unido
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Alex Lorel
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