Uma reportagem do “The Wall Street Journal” deste domingo (11) afirmou que os EUA querem oferecer anistia e garantias de que não perseguirá Maduro caso ele aceite reconhecer a vitória que a oposição alega ter tido nas eleições venezuelanas. A porta-voz da Casa Branca nega ofertas ao presidente da Venezuela. Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro
REUTERS/Maxwell Briceno
Os Estados Unidos não fizeram uma oferta de anistia para que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deixe o poder, disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, nesta segunda-feira (12).
“Desde as eleições, nós não fizemos nenhuma oferta específica de anistia a Maduro ou a outros políticos. Não fizemos esse tipo de oferta a ele”, afirmou Karine Jean-Pierre.
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A afirmação ocorre após o jornal americano “The Wall Street Journal” afirmar que os EUA estariam negociando anistia para que Maduro deixe a presidência venezuelana. Ainda segundo a reportagem, a oferta de anistia dos EUA incluiria garantias de que o país não perseguirá Maduro caso ele aceite reconhecer a vitória da oposição nas eleições venezuelanas de 28 de julho.
Em uma coletiva separada, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel, também foi na mesma linha de Karine Jean-Pierre. “Não fizemos nenhuma oferta de anistia a Maduro nem a outros desde a eleição”, declarou Patel.
Patel disse também que os EUA “estão considerando uma série de opções para pressionar Maduro a devolver a Venezuela à trajetória democrática, e o continuará fazendo, mas é responsabilidade de Maduro e das autoridades eleitorais venezuelanas colocarem a limpo os resultados das eleições”, acrescentou Patel.
As falas dos porta-vozes do governo americano, de que não houve oferta, não exclui necessariamente a possível existência de negociações por uma anistia, como noticiado pelo “The Wall Street Journal”. Nas falas dos representantes também há o acréscimo do termo “após as eleições” ao dizer que não houve oferta. Segundo fontes ouvidas pelo jornal americano, os EUA haviam feito uma oferta de anistia a Maduro em negociações secretas realizadas no ano passado em Doha, no Catar.
A Venezuela vive um impasse desde que o país foi às urnas, o presidente Maduro e a oposição reivindicando a vitória no pleito. O resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado a aliado de Maduro, é contestado pela oposição e pela comunidade internacional. Segundo o CNE, Maduro foi reeleito com 52% dos votos, mas as atas eleitorais –documentos que registram os votos e os resultados em cada local de votação do país e que comprovariam o resultado– não foram divulgadas. O órgão alega que o seu sistema foi hackeado.
A oposição e a comunidade internacional questionam os números divulgados pelo CNE. Segundo a oposição, o seu candidato, Edmundo González, venceu as eleições com 67% dos votos e apresenta como prova um site criado pelos próprios opositores com mais de 80% das atas digitalizadas, às quais o grupo teve acesso por meio de representantes que compareceram à grande maioria dos locais de votação.
Protestos contra o governo tomaram o país e Maduro colocou as Forças Armadas nas ruas e já disse que líderes opositores, María Corina Machado e Edmundo González, “têm que estar atrás das grades”. Eles estão escondidos desde o fim do pleito. Nesta segunda (12), Maduro pediu aos poderes venezuelanos para agir “com mão de ferro”.
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Na semana passada, a oposição venezuelana também se disse disposta a dar garantias de proteção ao presidente venezuelano caso ele aceite fazer uma transição gradual de poder. Maduro descartou a possibilidade de negociação e pediu que a líder oposicionista María Corina Machado se entregasse à Justiça.
Os Estados Unidos acusam Maduro de conspirar com aliados para levar cocaína aos EUA e, em 2020, ofereceram uma recompensa de US$ 15 milhões (cerca de R$ 82,5 milhões) por informações que facilitassem a prisão do presidente venezuelano. Caso a negociação para Maduro deixar o poder seja bem-sucedida, Washington cancelaria a recompensa, diz o “The Wall Street Journal”.
Duas semanas
As eleições da Venezuela completaram duas semanas neste domingo, e a Justiça eleitoral ainda não apresentou as atas de votação para justificar o resultado.
Além da contagem paralela da oposição, uma contagem independente das atas eleitorais feita pela agência de notícias Associated Press (AP) na semana passada com base nessas atas indicou que González venceu o pleito com uma diferença de 500 mil votos.
Diversos países, incluindo Brasil e Estados Unidos, vêm cobrando de Caracas a divulgação das atas. No sábado (10), a Suprema Corte da Venezuela iniciou uma auditoria das eleições e afirmou que o resultado será “inapelável”.
O Brasil, no entanto, já afirmou que não reconhecerá o resultado declarado pela Justiça venezuelana sem a divulgação das atas.
EUA não fizeram oferta de anistia para que Maduro deixe o poder na Venezuela, diz Casa Branca
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Alex Lorel
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