O Infobae teve acesso a mensagens enviadas pelo ex-presidente argentino a Fabiola Yañez no dia 28 de junho: ‘Sinto muito por tudo. Percebo que está muito magoada, nunca quis que as coisas fossem como foram’. O ex-presidente argentino Alberto Fernández é acusado de agredir a ex-primeira-dama Fabiola Yañez
Ng Han Guan/AP; Reprodução/Infobae
Alberto Fernández mandou várias mensagens e fez um apelo à ex-mulher, Fabiola Yañez, no dia em que ela deu seu primeiro depoimento à Justiça, no dia 28 de junho.
O site de notícias argentino Infobae teve acesso a uma conversa entre o ex-casal, horas antes da ex-primeira-dama falar em uma audiência online com o juiz Julián Ercolini sobre as mensagens e fotos encontradas no celular da ex-secretária de Fernández, María Cantero, durante perícia realizada na investigação sobre possíveis atos de corrupção no governo.
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Em mensagem enviada 15 minutos antes da audiência começar, Fernández pede:
“Você não deveria ter que passar por isso. (…) Meu conselho é que fale o mínimo possível. Essa é a melhor garantia de que não se torne notícia”.
As acusações contra Alberto Fernández
Alberto Fernández, ex-presidente da Argentina, foi formalmente acusado por lesões graves, ameaças e abuso de poder contra a ex-mulher no dia 14 de agosto depois que a ex-primeira-dama Fabiola Yañez denunciou o ex-presidente por violência doméstica no início de agosto.
Fernández chegou a ser alvo de buscas e teve o passaporte cassado. Ele nega o crime.
De acordo com o jornal “El Clarín”, o promotor federal Ramiro González ampliou as acusações contra Fernández por violência de gênero após o depoimento de Yañez. Ela relatou o caso durante uma audiência, na terça-feira (13).
Em um primeiro momento, o ex-presidente era investigado por lesões leves contra a ex-primeira-dama. Agora, a investigação também enquadra lesões graves duplamente qualificadas, com abuso de poder e autoridade. Ele também foi acusado de ameaças coercitivas.
No depoimento, a ex-primeira-dama afirmou que era alvo de episódios diários de violência reprodutiva, institucional, verbal, física e doméstica, além de constantes traições. Ela também disse que foi forçada por Fernández a fazer um aborto.
Diante do relato de Yañez, a promotoria entendeu que a ex-primeira-dama foi vítima durante oito anos de um crime maior do que lesões leves.
O Ministério Público da Argentina também determinou que outras quatros pressoas sejam ouvidas como testemunhas no caso, incluindo uma ex-secretária de Fernández e um médico que cuidava da saúde da família.
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Entenda a denúncia
Alberto Fernández e a ex-primeira-dama Fabíola Yañez, em imagem de 2021
Andrew Medichini/AP
Yañez, de 43 anos, e Fernández, de 65, noivaram em 2016 e tiveram um filho em 2022, chamado Francisco. Atualmente, a ex-primeira-dama vive em Madri com o filho, enquanto o ex-presidente mora em Buenos Aires.
A agência AFP informou que a denúncia surgiu após o vazamento para a imprensa de mensagens entre Yañez e a secretária particular de Fernández, María Cantero. Nestas mensagens, a ex-primeira-dama teria relatado agressões sofridas do então presidente, inclusive com fotografias.
Além disso, o celular de Cantero passou por uma perícia durante as investigações de um outro caso que envolve Fernández. O ex-presidente é suspeito de envolvimento em um esquema de corrupção durante o governo dele.
O advogado de Yañez, Juan Pablo Fioribello, afirmou que a ex-primeira-dama entrou em contato com o juiz Julián Ercolini para denunciar as agressões. O magistrado é o mesmo que acompanha as investigações de corrupção
O relato da ex-primeira-dama
Yañez participou de uma audiência com o Ministério Público na terça-feira, diretamente do Consulado da Argentina em Madri. Na conversa, ela informou datas e locais onde as agressões teriam acontecido.
Ela afirmou que o relacionamento dos dois começou há mais de 14 anos, sendo que os dois noivaram durante uma viagem para Paris, em 2016. Segundo a ex-primeira-dama, ela era alvo de assédio psicológico antes de os dois morarem juntos.
“Eu devia permanecer atenta às suas chamadas telefônicas que se repetiam a ponto de eu não poder interagir com terceiros e ter uma vida normal, como sair com amigas porque eu tinha de responder às suas mensagens a cada três minutos”, afirmou.
Yañez disse que ficou grávida em 2016, mas contou que a gestação foi rejeitada por Fernández. Segundo ela, o ex-presidente a forçou cometer um aborto.
“Ele me dizia: ‘não posso contar a ninguém que terei um filho com você em tão pouco tempo’ e ‘é preciso resolver isso. Você tem de abortar’.”
Depois do aborto, a ex-primeira-dama disse que decidiu se mudar para Londres. No entanto, Fernández prometeu que iria ser uma nova pessoa e que queria se casar com ela. Os dois retomaram o relacionamento. Yañez afirmou que o assédio e a perseguição ressurgiram pouco tempo depois.
A ex-primeira-dama relatou ainda que foi vítima de violência física dentro da residência presidencial argentina de Olivos.
“Tínhamos discutido muito, como já era habitual e, para acabar com a discussão, ele me bateu, virando do seu lado da cama para o meu com um soco terrível. Gritei: ‘o que você me fez?!’, mas ele não disse nada. Virou e, com esse soco, terminou a discussão”, revelou.
Ela contou também que foi alvo de violência mesmo após engravidar novamente, em 2022. Yañez afirmou ainda, que no fim do mandato de Fernández como presidente, ela passou a ser vítima de socos diários.
“Ele abusava do poder e do cargo para me submeter, para me vulnerar e para me silenciar, exercendo violência inclusive quando eu estava grávida do seu próprio filho.”
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Alex Lorel
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