Durante sessão na OEA, presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos afirmou que país vive ambiente de perseguição política. Brasil, Colômbia e México não se pronunciaram. Manifestação contra Maduro na Venezuela
Reuteres/Leonardo Fernandez Viloria
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciou nesta quarta-feira (28) “a repressão violenta, as prisões arbitrárias e a perseguição política” pós-eleitoral na Venezuela, durante sessão na Organização dos Estados Americanos (OEA).
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Brasil, Colômbia e México não se pronunciaram. Os três países mediam a crise gerada na Venezuela pela reeleição polêmica de Nicolás Maduro no pleito de 28 de julho. Já a Venezuela não faz parte da OEA.
A presidente da CIDH, Roberta Clarke, afirmou que a Venezuela tem apelado pelo uso arbitrário da força, prisões arbitrárias e desaparecimentos forçados. Ela também disse que existe perseguição judicial e censura.
“A repressão atual reflete padrões observados pela Comissão nos protestos de 2014 e 2017”, disse.
A violência pós-eleitoral contra manifestantes provocou a morte de mais de 20 pessoas. Segundo a presidente da CIDH, dez “são atribuíveis diretamente às forças do Estado” e seis “aos coletivos”, grupos armados apoiadores do chavismo “que atuam com o consentimento” do governo.
Desde o fim de julho, organizações da sociedade civil registraram mais de 1.600 detenções, a maioria de jovens que vivem em áreas urbanas com índices de pobreza muito altos, disse Roberta.
Muitas vezes, as prisões são seletivas, contra “voluntários eleitorais e aqueles percebidos como opositores do regime, incluindo jornalistas, líderes da oposição, defensores dos direitos humanos e estudantes universitários”.
LEIA TAMBÉM
Edmundo González será intimado pelo MP da Venezuela pela 3ª vez e pode ser preso se faltar novamente
Procurador-geral diz que Lula e Petro se intrometem em assuntos da Venezuela: ‘Inaceitável’
Extensão das fronteiras com Venezuela é fator para posturas de Brasil e Colômbia sobre eleição contestada
Estratégia
A presidente da CIDH, organização da OEA, disse ter conhecimento “do cancelamento ilegal do passaporte de 36 pessoas”, do fechamento de veículos de comunicação e do uso de aplicativos que incentivam os cidadãos “a compartilhar informações sobre os demais”.
“Divida e vencerás” é a estratégia das autoridades, concluiu Roberta, ressaltando que essa prática “gera um clima de medo e intimidação entre a população”.
Após a apresentação do relatório, vários países intervieram para exigir a publicação das atas eleitorais venezuelanas, reclamada pela comunidade internacional para reconhecer o resultado do pleito.
O embaixador dos Estados Unidos na OEA, Francisco Mora, reiterou a necessidade de que “as partes venezuelanas iniciem conversas sobre uma transição respeitosa e pacífica. Como disse a comissão, os representantes de Maduro estão envolvidos em terrorismo de Estado desde as eleições”, ressaltou, acusando-os de espalhar “um clima de medo”.
Método nazista
O Uruguai traçou um paralelo com as táticas de castigo coletivo do nazismo.
“Sippenhaft era o método usado pelos nazistas ao perseguirem os parentes dos judeus para judicializá-los também. E nenhum crime. Esse é o crime da jornalista Ana Carolina Barreto, que querem trocar por sua mãe, a política Xiomara Barreto. O crime de ser venezuelana”, disse o embaixador Washington Abdala.
“Somente com firmeza se expulsa essa gente. Os que analisam o assunto e jogam xadrez não sabem o que é quando um povo está desesperado por liberdade”, acrescentou o uruguaio.
VÍDEOS: mais assistidos do g1
Comissão de Direitos Humanos denuncia ‘repressão violenta’ na Venezuela e culpa governo por mortes
Tags
About Author
Alex Lorel
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua veniam.
Deixe um comentário