Candidata democrata se mostrou à vontade, ao defender o legado de Biden e minimizar os ataques de Trump. Kamala em entrevista a à rede americana CNN, nesta quinta-feira (29).
Reprodução/CNN
No papel de procuradora-geral e senadora, Kamala Harris sempre se mostrou mais à vontade fazendo perguntas do que respondendo a elas. Desde que substituiu, no mês passado, o presidente Joe Biden como candidata democrata à Casa Branca, a vice-presidente americana era cobrada, especialmente por Donald Trump, por não dar entrevistas.
Tranquila e confiante, ela passou bem pelo primeiro teste, nesta quinta-feira (29) à noite na CNN, mostrando que é a titular da chapa e não mais a número dois de um presidente que disputava a reeleição.
Em 27 minutos e acompanhada pelo candidato a vice, Tim Walz, Kamala defendeu o legado de Biden e ignorou os ataques de Trump, minimizando-os ou rindo deles.
Buscou os eleitores indecisos e até mesmo os republicanos ao se aproximar do centro e admitir que nomearia alguém do partido adversário para um cargo em seu governo. “Seria benéfico para o país”, atestou.
Quem esperava tropeços ou falhas da candidata, se decepcionou. Prova disso foi a reação de Trump, que se limitou a classificar como “chata” a performance da democrata. Mais uma vez, ela mostrou-se hábil e passou longe do rótulo de primeira candidata negra a disputar a Presidência dos EUA, deixando para que os outros falem disso por ela.
“Acredito que sou a melhor pessoa para fazer esse trabalho neste momento para todos os americanos, independentemente de raça ou gênero”, resumiu, sobre a sua candidatura.
Kamala ressaltou que seus valores permanecem iguais, numa alusão de que teria mudado de posição em relação à exploração do petróleo ou a descriminalização de imigrantes que cruzam a fronteira.
Em temas espinhosos, como imigração, jogou a responsabilidade sobre os republicanos, que bloquearam um acordo bipartidário no Congresso para ampliar a segurança na fronteira sul do país.
Em vez de se distanciar das políticas do atual presidente, ela foi ao encontro delas, qualificando Biden como transformador. Ao mesmo tempo, observou que é hora de virar a página e seguir adiante. Mas se mostrou vaga quando perguntada sobre os seus objetivos no primeiro dia no cargo, afirmando que se concentrará em apoiar e fortalecer a classe média.
A primeira entrevista da candidata democrata não parece ter movimentado as peças do xadrez eleitoral a seu favor, mas também não a prejudicou. Kamala foi simplesmente correta e à espera do próximo round — o debate com Trump, no próximo dia 10.
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Alex Lorel
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