O presidente da Rússia alertou que o uso de mísseis de longo alcance pela OTAN alteraria a natureza do conflito que perdura há mais de dois anos “Tomaremos decisões condizentes com as ameaças que nos serão criadas”, disse Vladimir Putin
Reuters
As opções de Vladimir Putin para retaliar se o Ocidente permitir que a Ucrânia use seus mísseis de longo alcance para atacar a Rússia podem incluir um teste nuclear — é o que dizem analistas consultados pela Reuters.
Ulrich Kuehn, um especialista em armas do Instituto de Pesquisa para a Paz e Política de Segurança em Hamburgo, disse que não descartaria Putin optar por enviar algum tipo de mensagem nuclear.
“Isso seria uma escalada dramática do conflito. Porque o ponto é, quais tipos de medidas o Sr. Putin teria então para tomar se o Ocidente continuar, além do uso nuclear efetivo?” , disse em entrevista.
Gerhard Mangott, especialista em segurança da Universidade de Innsbruck na Áustria, disse em uma entrevista que também considerava possível, embora em sua opinião não provável, que a resposta da Rússia pudesse incluir algum tipo de sinal nuclear.
“Os russos poderiam realizar um teste nuclear. Eles já fizeram todos os preparativos necessários. Poderiam detonar uma arma nuclear tática em algum lugar no leste do país apenas para demonstrar que eles realmente pretendem usar armas nucleares se for necessário.”
Crise dos mísseis
À medida que as tensões Leste-Oeste em relação à Ucrânia entram em uma nova e perigosa fase, o primeiro ministro britânico Keir Starmer e o presidente dos EUA Joe Biden se reuniram em Washington nesta sexta-feira (13) para discutir se permitirão que Kiev use mísseis ATACMS dos EUA ou Storm Shadow britânicos contra alvos na Rússia.
A ameaça de Putin caso Ucrânia passe a usar mísseis de longo alcance contra a Rússia
Em seu aviso mais claro até agora, Putin disse na quinta-feira (12) que o Ocidente estaria lutando diretamente contra a Rússia se avançasse com tal medida, o que, segundo ele, alteraria a natureza do conflito.
Ele prometeu uma resposta “apropriada”, mas não especificou o que isso implicaria. Em junho, no entanto, ele mencionou a opção de armar os inimigos do Ocidente com armas russas para atacar alvos ocidentais no exterior, e de implantar mísseis convencionais a uma distância de ataque dos Estados Unidos e seus aliados europeus.
A Rússia não realiza um teste de armas nucleares desde 1990, ano anterior à queda da União Soviética, e uma explosão nuclear sinalizaria o início de uma era mais perigosa, disse Kuehn, alertando que Putin pode sentir que está sendo visto como fraco em suas respostas ao crescente apoio da OTAN à Ucrânia.
“O teste nuclear seria algo novo. Eu não descartaria isso, e seria consistente com a Rússia rompendo uma série de acordos internacionais de segurança aos quais se comprometeu ao longo das últimas décadas”, afirmou.
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