Aparelhos foram produzidos pela empresa taiwanesa Gold Apollo, segundo o jornal The New York Times. Eles são usados para enviar mensagens curtas e foram adotados por membros do Hezbollah porque não podem ser rastreados. Centenas de integrantes do Hezbollah ficam feridos no Líbano com explosão de pagers
Os pagers de membros do grupo Hezbollah que explodiram em sequência na terça-feira (17), deixando nove mortos e 2.750 feridos, foram produzidos pela empresa taiwanesa Gold Apollo, de acordo com o jornal The New York Times.
A maioria dos pagers era o modelo AR-924, mas o grupo extremista ainda havia adquirido outros três modelos da mesma empresa.
Segundo o jornal, os equipamentos tinham explosivos implantados por Israel, que teria adulterado os equipamentos antes de eles chegaram ao Líbano.
A carga explosiva foi implantada próxima à bateria de cada pager, pesava menos de 50 gramas e tinha um interruptor, que lhe permitia ser detonada remotamente. Os equipamentos estavam programados para tocar por alguns segundos antes da explosão.
De acordo com a agência Al Jazeera, fontes da segurança libanesa dizem que os pagers foram importados pelo Hezbollah há cinco meses.
O pager AR-924 é usado para enviar mensagens curtas, com até 100 caracteres cada uma, segundo o site da Gold Apollo. A fabricante informa que o aparelho tem uma bateria de lítio que dura até 85 dias em apenas uma carga e leva 2h30 para ser completamente carregado.
As especificações do pager indicam ainda que ele é resistente, com proteção contra poeira e imersões temporárias na água, e fabricado para permitir manutenção, com possibilidade de troca de peças como tela e bateria.
Os pagers foram detonados em pouco mais de uma hora – câmeras de segurança de um mercado em Beirute, no Líbano, mostraram duas dessas explosões (veja vídeo acima). Uma foto mostra como um desses aparelhos ficou completamente destruído.
O que são os pagers, dispositivos que explodiram no Líbano
Homem mostra como ficou pager após explosão
Telegram/Reprodução
Por que o Hezbollah usa pagers?
Os pagers (ou “bipes”, como ficaram conhecidos no Brasil) são dispositivos de comunicação que eram comuns nas décadas de 1980 e 1990, antes da popularização de celulares. Eles usam transmissões de rádio na troca de mensagens.
O Hezbollah passou a usar esses dispositivos depois que o líder do grupo, Hassan Nasrallah, pediu que seus combatentes deixassem de usar smartphones. O receio era de que o país vizinho teria tecnologia para se infiltrar nos sistemas do celulares.
Pager AR-924, da fabricante taiwanesa Gold Apollo
Divulgação/Gold Apollo
Apesar de terem se tornado obsoletos, os pagers mantêm uma característica importante para o grupo armado: não podem ser rastreados. Ao contrário dos celulares, os pagers não se conectam à internet, nem tem recursos de geolocalização, por exemplo.
Hoje, o uso de pagers é associado a uma preocupação de reduzir riscos de invasões ou minimizar as suas consequências, segundo Kim Rieffel, vice-presidente de Telecomunicações da Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac).
“Isso acontece porque, diferente dos smartphones, os pagers não usam internet, mas sim ondas de rádio, o que dificulta a sua invasão. Ainda, o risco de exposição de dados após uma invasão de pagers é menor, já que eles não suportam muitas informações”, afirma.
Após as explosões desta terça, o governo libanês pediu que todos os cidadãos que possuem pagers joguem os dispositivos fora imediatamente, segundo a agência de notícias estatal do Irã Irna.
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Alex Lorel
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