Israel criou empresa de fachada para vender ao Hezbollah pagers que explodiram, diz jornal

Israel criou empresa de fachada para vender ao Hezbollah pagers que explodiram, diz jornal

Hassan Nasrallah culpou Israel pelo ataque a dispositivos eletrônicos, admitiu que ação foi “golpe sem precedentes” e prometeu vingança. Ele disse ainda que grupo extremista tinha 4.000 pagers, adotados para evitar rastreamento pelo celular. Em um plano de longo prazo e com tecnologia altamente sofisticada, o serviço de inteligência de Israel criou uma empresa de fachada para vender pagers já com explosivos instalados ao Hezbollah, segundo uma reportagem publicada nesta quinta-feira (19) pelo jornal “The New York Times”.
Com base em depoimentos de funcionários do serviço de inteligência israelense, a reportagem afirma que a empresa de fachada forneceu ao grupo extremista os pagers que, na terça-feira (17), foram detonados em uma explosão quase simultânea, matando 12 pessoas e ferindo mais de 2.750.
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O chefe do grupo extremista Hezbollah, Hassan Nasrallah, durante pronunciamento, em 19 de setembro de 2024.
Al-Manar TV vua Reuters
O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse nesta quinta-feira (19) que a série de explosões de pagers e “walkie-talkies” do grupo extremista foi uma declaração de guerra por parte de Israel e prometeu vingança.
Nasrallah culpou o governo israelense, que não se pronunciou sobre os casos. E admitiu que as explosões foram um “golpe sem precedentes” para o grupo, mas disse que isso não será o fim do Hezbollah.
Também nesta quinta, Israel começou a colocar em prática a nova ofensiva no norte do país, na fronteira com o Líbano, onde o Hezbollah atua. O Exército israelense atacou posições do grupo extremista, que revidou, matando dois soldados de Israel.
Em pronunciamento, Nasrallah afirmou estar pronto para uma ofensiva de Israel no sul do Líbano e disse que a operação seria uma “oportunidade histórica” para o Hezbollah. “Estamos em nosso território”, afirmou.
O grupo extremista controla boa parte do sul do Líbano, embora não tenha nenhuma ligação formal com o governo do país.
“Recebemos um golpe severo, mas eu asseguro que nossa estrutura não foi afetada”, declarou. “É verdade que, tecnologicamente, eles são muito inteligentes. Mas também são muito estúpidos, porque nunca conseguem alcançar seus objetivos”.
O chefe do Hezbollah disse também que fará de tudo para que os cidadãos israelenses que vivem no norte do país não consigam voltar para suas casas. Eles foram retirados de suas residências nas últimas semanas, quando os conflitos entre Israel e o Hezbollah aumentaram, e, na quarta-feira, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu que os moradores retornariam às suas casas (leia mais abaixo).
Sobre os pagers que explodiram na terça-feira (17), Nasrallah afirmou ainda que o grupo extremista tinha mais de 4.000 dispositivos do tipo — pequenos aparelhos de recebimento de mensagem por texto usados nas décadas de 1980 e 1990 —, mas que nenhum deles pertencia ao alto escalão.
Explosões coordenadas detonaram uma série de pagers, na terça-feira (17), e de “walkie-talkies”, na quarta-feira (18) no Líbano. Os dispositivos pertenciam a membros do Hezbollah, que os portavam no momento das explosões.
No total, 37 pessoas morreram e mais de 3.000 ficaram feridas no ataque, que se tornou o mais mortal para o Hezbollah desde o início da guerra entre Israel e o Hamas. Ambos os grupos, financiados pelo Irã, lutam contra Israel.
Também nesta quinta, o governo do Líbano proibiu a entrada de pagers e “walkie-talkies” em voos do país. Pelas ruas de Beirute, moradores se mostram temerosos em usar telefones celulares, e alguns até deixaram o aparelho, segundo a imprensa local.
Ofensiva de Israel
Imagens mostram a aparente detonação de um ‘walkie-talkie’ durante um funeral no subúrbio de Beirute, no Líbano, em 18 de setembro de 2024.
Na quarta-feira, após as explosões, o Ministério da Defesa de Israel afirmou que o foco da guerra está mudando para o norte do país (que faz fronteira com o Líbano, onde o Hezbollah atua) e que vai concentrar tropas na região.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse em pronunciamento que vai garantir que moradores do norte de Israel realocados por conta dos conflitos com o Hezbollah, voltariam para casa.
“Eu já disse isso antes, nós retornaremos os cidadãos do norte para suas casas em segurança e é exatamente isso que faremos”, disse Netanyahu.
As duas explosões, que ocorreram em um intervalo de 24 horas, aumentaram as tensões na região e repercutiu na Organização das Nações Unidas (ONU). O secretário-geral da ONU, Antonio Gueterres, condenou o uso de “objetos civis” como arma de guerra, e o governo libanês pediu uma reunião no Conselho de Segurança, que será realizada na sexta-feira (20).
Líbano, Irã e Hezbollah acusaram Israel, que ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem. Aliado do Hezbollah, o Irã disse em carta enviada à ONU que Israel violou a soberania do Líbano e prometeu resposta às explosões.
O Hezbollah, grupo extremista fundado no Líbano, tem atacado o norte de Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023. Assim como o Hamas, o Hezbollah é financiado pelo Irã. Nas últimas semanas, as tensões entre o grupo extremista e Israel aumentaram, após um ataque do grupo a cidades israelenses no norte.
Walkie-talkies destruídos após explosões no Líbano, em 18 de setembro de 2024.
Telegram/Reprodução
Facha de prédio em Beirute pega fogo após explosões de walkie-talkies, em 18 de setembro de 2024.
Telegram/Reprodução
Momento de explosão de dispositivo no Líbano
Reprodução
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Explosão de pagers
Pagers usados pelo Hezbollah explodiram, em 17 de setembro de 2024
Reuters
Segundo o jornal “The New York Times”, a suspeita é que Israel implantou explosivos em um lote de pagers encomendado pelo Hezbollah. Os explosivos foram implantados em um chip, eram indetectáveis e tinham um algoritmo específico para serem ativados, segundo disse nesta quarta a TV libanesa Al Mayadeen.
A publicação afirmou, em reportagem na terça, que uma carga explosiva com menos de 50 gramas foi colocada próxima à bateria, junto a uma espécie de interruptor. Isso possibilitaria que os pagers fossem detonados remotamente.
Os equipamentos haviam sido importados ao Líbano da Gold Apollo, fabricante de pagers com sede em Taiwan. A Gold Apollo, no entanto, informou que os aparelhos foram fabricados por uma empresa sediada em Budapeste. Os pagers foram produzidos pela BAC Consulting KFT, sediada na capital da Hungria.
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Telegram/Reprodução

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