Ideia nasceu de embate entre casal formado por um neurologista e uma oftalmologista. No final do teste, plataforma informa se você enxerga mais azul ou verde que o resto da população. Teste viral brinca com a percepção de cores entre azul e verde.
Reprodução/Ismy.blue
Meu azul é seu azul? Assim começa um teste na internet que viralizou e já recebeu mais de 1,5 milhão de acessos. O comando é simples: a tela do monitor é preenchida por uma cor, e o usuário responde se para ele aquele tom é azul ou verde.
🗣️A ideia nasceu de uma discussão entre um casal formado por um neurologista e uma oftalmologista. O dr. Patrick Mineault tem certeza que um cobertor que eles têm em casa é verde. A dra. Marissé Masis-Solano não tem dúvidas de que é azul.
Mineault, que também é programador e pesquisa Inteligência Artificial, decidiu então criar o teste hospedado em ismy.blue.
“’Vemos as mesmas cores?’ é uma pergunta que filósofos e cientistas — todos, na verdade — se fazem há milhares de anos. As percepções das pessoas são indescritíveis, e é interessante pensar que temos visões diferentes”, disse o neurocientista em entrevista ao The Guardian.
👓 Ao final do teste, a plataforma informa se você enxerga mais azul ou verde que o resto da população. “Seu limite está no matiz 183, mais azul que 93% da população. Para você, turquesa é verde”, respondeu o site em teste realizado pelo g1.
➡️ Como assim “matiz”? As cores são frequentemente representadas no espaço de cores HSL (matiz, saturação e luminosidade). Matiz 120 é verde e matiz 240 é azul. O teste foca em matizes azul-esverdeados entre 150 e 210.
Ao final do teste, ele informa se o usuário enxerga mais azul ou verde que o resto da população.
Reprodução/Ismy.blue
E o que pode explicar a diferença de respostas?
👗 A polêmica entre o vestido que dividiu a internet entre #AzulePreto e #BrancoeDourado em 2015 já nos ensinou que a nossa calibração de cor nem sempre funciona da mesma forma.
Há diferenças na percepção de cores que podem ter explicações fisiológicas, como no caso do daltonismo, condição que afeta os “cones” da retina, área que processa as cores. Mas, a percepção diferente também pode ser um resultado de diferença cultural ou de linguagem.
No livro “Eu controlo como me sinto: Como a neurociência pode ajudar você a construir uma vida mais feliz” (2021), a neurocientista Cláudia Feitosa-Santana explica que a divergência de cor tem mais a ver com fatores ambientais do que genéticos, segundo estudos.
Por exemplo, pesquisas levam a crer que a exposição a mais sol ou menos sol pode influenciar na nossa percepção de cores, assim como exposição a um céu azulado ou mais acinzentado.
O oftalmologista Flavio Mac também fala sobre a exposição a cores diferentes ao longo da vida, desde a infância, afeta a identificação das c.res “O histórico de vida da pessoa tem muito a ver. Por exemplo, o quanto ela foi exposta a ambientes mais ou menos iluminados”.
‘Fins de entretenimento’
O teste do dr. Patrick Mineault não tem a pretensão de se tornar um estudo científico (nem a de vencer a discussão sobre o cobertor).
💡 A plataforma deixa claro que muitas variáveis podem interferir no resultado: o modelo do telefone ou do computador, a configuração de luz do monitor, e até a luz do ambiente.
“Validade do teste: Este site é apenas para fins de entretenimento”, diz o texto que explica o funcionamento da plataforma.
Pelo número de acessos, o teste logrou êxito no objetivo.
Azul e preto ou branco e dourado? /cor causou polêmica em 2015
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Alex Lorel
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