EUA avança com proposta para banir toda a importação de carros chineses

EUA avança com proposta para banir toda a importação de carros chineses

O governo Biden propôs impedir a importação de veículos da China e Rússia, focando em sistemas de conectividade e condução autônoma, a partir de 2027. Chery iCar e BYD Dolphin Mini estão entre os carros elétricos mais baratos do Brasil
g1
Um comunicado feito pela Casa Branca propôs, nesta segunda-feira (23), a proibição de software e hardware chineses em carros conectados no país. O documento cita especificamente a China e Rússia, sendo um movimento forte para a proibição da importação e venda de veículos do país asiático.
O software é o programa utilizado pelo carro para poder ser controlado, essencial não somente para funções de conexão, mas até para a central multimídia gerenciar dados como música e ajustes do veículo ou o painel de instrumentos digital exibir a velocidade, ou controlar o piloto automático.
Já o hardware é a peça responsável por medir dados lidos pelo software. No caso de carros conectados, a lista pode envolver o modem. Ele é quem cuida de enviar e receber dados pela internet, seja via redes de celular ou Wi-Fi.
A regulamentação também forçará as montadoras norte-americanas e outras grandes empresas do setor a remover os principais softwares e hardwares chineses, dos veículos nos Estados Unidos a partir de 2027.
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As tecnologias abordadas pelo comunicado envolvem itens essenciais para um carro conectado, também muito comuns em celulares, como:
Wi-Fi;
Bluetooth;
Conexão com redes móveis 2G, 3G, 4G ou 5G;
Antena para GPS;
Câmeras;
Sensores.
O governo Biden afirma ter levantado sérias preocupações sobre a coleta de dados por empresas chinesas sobre motoristas e infraestrutura dos EUA por meio de veículos conectados. A Casa Branca ordenou uma investigação em fevereiro.
As proibições impedirão o teste de carros autônomos nas ruas dos EUA por montadoras chinesas e se estendem ao software e hardware de veículos produzidos por outros concorrentes estrangeiros dos EUA, incluindo a Rússia.
“Quando adversários estrangeiros criam software para um veículo, isso significa que ele pode ser usado para vigilância, pode ser controlado remotamente, o que ameaça a privacidade e a segurança dos americanos”, disse a secretária de Comércio, Gina Raimondo.
“Em uma situação extrema, um adversário estrangeiro poderia desligar ou assumir o controle de todos os seus veículos em operação nos Estados Unidos, todos ao mesmo tempo, causando acidentes e bloqueando estradas.”
Governo dos EUA já impôs barreiras para os carros chineses
O plano é uma escalada significativa nas restrições contínuas dos Estados Unidos a veículos, softwares e componentes produzidos na China. No início deste mês, o governo Biden impôs aumentos acentuados nas tarifas sobre as importações chinesas, incluindo um imposto de 100% sobre veículos elétricos, bem como novos aumentos de sobretaxas envolvendo baterias de carros eletrificados e minerais importantes.
Mesmo com o imposto de 100% sobre o valor dos veículos americanos, os carros elétricos importados da China ainda são mais baratos que modelos de marcas como a Tesla. O modelo da BYD mais econômico para importação nos Estados Unidos, já com a barreira tarifária no preço, custaria algo próximo dos US$ 24 mil, enquanto a versão de entrada da fabricante de Elon Musk (o Tesla Model 3) parte de US$ 34.990.
Há relativamente poucos carros ou comerciais leves fabricados da China nos Estados Unidos. Mas Raimondo disse que o departamento está agindo “antes que fornecedores, montadoras e componentes de automóveis ligados à China ou à Rússia se tornem comuns e difundidos no setor automotivo dos EUA… Não vamos esperar até que nossas estradas estejam cheias de carros e o risco seja extremamente significativo para agirmos.”
Quase todos os carros e comerciais leves mais novos são considerados conectados com hardware de rede a bordo que permite acesso à Internet, permitindo que eles compartilhem dados com dispositivos dentro e fora do veículo.
Uma autoridade de alto escalão do governo norte-americano confirmou que a proposta bane efetivamente todos os veículos chineses existentes do mercado dos EUA, mas acrescentou que permitirá que as montadoras chinesas buscassem “autorizações específicas” para isenções.
Os EUA têm amplas evidências de que a China está posicionando malware em infraestruturas norte-americanas críticas, disse o assessor de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, na mesma reunião.
“Com potencialmente milhões de veículos em circulação, cada um com vida útil de 10 a 15 anos, o risco de interrupção e sabotagem aumenta dramaticamente”, disse Sullivan.
No mês passado, a Embaixada da China em Washington criticou a ação para limitar as exportações de veículos chineses para os Estados Unidos: “A China pede que os EUA respeitem seriamente os princípios do mercado e as regras do comércio internacional e criem condições equitativas para empresas de todos os países. A China defenderá firmemente seus direitos e interesses.”
A proposta prevê que as proibições de software entrem em vigor no ano-modelo de 2027, enquanto a proibição de hardware entrará em vigor no ano-modelo de 2030 ou em janeiro de 2029.
O Departamento de Comércio está dando ao público 30 dias para comentar a proposta e espera finalizá-la até 20 de janeiro. As regras se aplicarão a todos os veículos rodoviários, mas excluem veículos agrícolas ou de mineração não utilizados em vias públicas.
A Alliance For Automotive Innovation, um grupo que representa os principais fabricantes de automóveis, incluindo General Motors, Toyota, Volkswagen e Hyundai, alertou que a mudança de hardware e software levará tempo.
O grupo observou que hardware e software de veículos conectados são desenvolvidos em todo o mundo, inclusive na China, mas não soube detalhar até que ponto os componentes fabricados na China são predominantes nos modelos dos EUA.
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