Anura Kumara Dissanayake, que se tornou popular entre jovens com discursos a favor da classe trabalhadora e contra a elite política. Ele desbancou presidente atual, alvo de críticas por conta da intensa crise econômica que o país vive, a pior de sua história. O presidente eleito do Sri Lanka, Anura Kumara Dissanayake, acena após vitória na eleição do país, em 22 de setembro de 2024.
Dinuka Liyanawatte/ Reuters
O deputado marxista Anura Kumara Dissanayake venceu a eleição presidencial do Sri Lanka neste domingo (22), declarou a Comissão Eleitoral do país.
A vitória de Dissanayake confirma a rejeição dos eleitores indicada em pesquisas à velha guarda da política do país, que estava no poder e é acusada de empurrar o país para a pior crise econômica de sua história.
Dissanayake garantiu a vitória sobre o líder da oposição, Sajith Premadasa, e o atual presidente, o liberal Ranil Wickremesinghe, que assumiu o país com a promessa de reerguer a economia.
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O presidente eleito ficou popular entre jovens por sua campanha pró-classe trabalhadora e anti-elite política. O discurso ganhou força também com a decepção dos eleitores com o atual governo, que assumiu em 2022 após o então presidente, Gotabaya Rajapaksa, renunciar após uma onda de protestos contra a crise econômica.
Na ocasião, parte dos manifestantes chegou até a invadir o palácio do presidente para forçar a renúncia de Rajapaksa (veja vídeo abaixo).
Manifestantes invadem piscina da residência oficial da presidência no Sri Lanka
Segundo a Comissão Eleitoral, Dissanayake recebeu 5.740.179 votos, seguido por Premadasa, com 4.530.902.
“Esta conquista não é o resultado do trabalho de uma única pessoa, mas do esforço coletivo de centenas de milhares de vocês. Seu comprometimento nos trouxe até aqui e, por isso, sou profundamente grato. Esta vitória pertence a todos nós”, disse Dissanayake após a vitória.
Dissanayake, um deputado de 55 anos, lidera a coalizão de esquerda Poder Nacional do Povo, um “guarda-chuva” de grupos da sociedade civil, profissionais, clérigos budistas e estudantes.
Nas eleições anteriores, em 2019, Dissanayake também concorreu, mas, na ocasião, só levou 3% dos votos. O forte crescimento do presidente eleito no pleito deste ano foi reflexo do descontentamento da maior parte dos eleitores com a crise econômica.
A eleição, realizada no sábado (21), foi também vista como um referendo sobre a liderança de Wickremesinghe em uma recuperação frágil, incluindo a reestruturação da dívida do Sri Lanka sob um programa de resgate do Fundo Monetário Internacional após o calote em 2022.
Dissanayake disse durante a campanha que renegociaria o acordo com o FMI para tornar as medidas de austeridade mais suportáveis.
Já o atual presidente alegava que qualquer movimento para alterar os princípios básicos do acordo poderia atrasar a liberação de uma quarta parcela de quase US$ 3 bilhões (cerca de R$ 16,5 bilhões) do FMI ao país, crucial para manter a estabilidade.
Nenhum dos candidatos recebeu mais de 50% dos votos. Sob o sistema eleitoral do Sri Lanka, que permite que os eleitores selecionem três candidatos na ordem de sua preferência, os dois primeiros são retidos, e as cédulas dos candidatos eliminados são verificadas quanto às preferências dadas a qualquer um dos dois primeiros votantes.
Aquele com o maior número de votos é declarado o vencedor.
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Alex Lorel
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