Procurador-geral da Venezuela pede inclusão de Milei na lista vermelha da Interpol

Procurador-geral da Venezuela pede inclusão de Milei na lista vermelha da Interpol

Pedido de Tarek Saab, chefe do MP venezuelano, ocorre após a Justiça da Argentina ordenar a prisão do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Montagem de Javier Milei (à esq), presidente da Argentina, e Nicolás Maduro, presidente da Venezuela.
Reprodução/Leonardo Fernandez Viloria/Reuters
O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, afirmou nesta terça-feira (24) que solicitou à Interpol a inclusão do presidente da Argentina, Javier Milei, na lista vermelha da Interpol. A inclusão na vermelha implicaria na emissão de um mandado de prisão contra Milei.
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O pedido do chefe do Ministério Público venezuelano é mais um episódio da crise disputa diplomática entre os dois países e ocorre após a Justiça argentina ter ordenado nesta segunda (23) a prisão do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, por violações de direitos humanos.
O confronto diplomático entre Argentina e Venezuela tem origem na apreensão de um avião venezuelano em Buenos Aires, em junho de 2022. A Venezuela acusou Milei de sete crimes, incluindo roubo. (Entenda o caso abaixo)
Saab já havia pedido a prisão de Milei à Justiça venezuelana na semana passada, episódio que a Argentina repudiou.
Venezuela e Argentina não mantêm relações, e Maduro e Milei costumam trocar críticas e insultos.
Crise do avião
O motivo da briga entre Venezuela e Argentina é um Boeing 747 da Emtrasur, subsidária de carga da Conviasa, empresa aérea estatal venezuelana.
Em junho de 2022, a aeronave foi retida por autoridades argentinas ao aterrissar na cidade de Córdoba, na Argentina, levando um carregamento de peças automotivas do México. Autoridades do aeroporto atenderam a um pedido de confisco dos Estados Unidos, que afirmam que o avião tem ligação com as Forças Quds, o braço de elite da Guarda Revolucionária do Irã.
Segundo os EUA, o Boeing 747 foi comprado pela Emtrasur da Mahan Air, uma companhia aérea iraniana que é sancionada pelos EUA e que faz voos de apoio às Forças Quds.
A tripulação, que era composta por 14 venezuelanos e cinco iranianos, foi detida e posteriormente liberada, mas a aeronave permaneceu em solo argentino enquanto a Justiça do país deliberava sobre o caso.
Em fevereiro deste ano, uma decisão judicial entendeu que o voo da aeronave até Córdoba violou uma normativa norte-americana de controle de exportações e autorizou entregá-la a autoridades dos Estados Unidos, o que foi feito pelo governo de Javier Milei.
A apreensão irritou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que já vinha trocando acusações com o líder argentino, Javier Milei — as relações entre a Argentina e a Venezuela têm se deteriorado desde a chegada de Milei ao poder, em dezembro de 2023.
Pedido de prisão de Maduro
A justiça argentina ordenou, nesta segunda-feira (23), a prisão do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para ser interrogado no âmbito de um processo por violações de direitos humanos em seu país, informaram meios de comunicação locais, citando uma decisão da Câmara Federal de Buenos Aires.
Sob o princípio de jurisdição universal, a justiça emitiu o pedido de captura à Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) para que sejam emitidos alertas vermelhos contra o presidente Maduro, segundo a imprensa.
Além de Maduro, a decisão ordena a prisão de 30 funcionários e colaboradores do presidente venezuelano, entre eles o ministro do Interior e o influente dirigente chavista Diosdado Cabello.
A Câmara Federal, após ouvir testemunhos de denunciantes, considera essas pessoas responsáveis por organizar um plano sistemático para “sequestrar e torturar” cidadãos venezuelanos em seu país, conforme relatado pela imprensa.
“Foi comprovado que existe na Venezuela um plano sistemático de repressão, desaparecimento forçado de pessoas, tortura, homicídios e perseguição contra uma parte da população civil, desenvolvido – pelo menos – desde o ano de 2014 até o presente”, diz um trecho da decisão, divulgado pelo jornal La Nación.
A ordem inclui responsáveis, membros das forças de segurança e dos serviços de inteligência venezuelanos.
A Venezuela enfrenta uma crise pós-eleitoral, após a proclamação de Maduro para um terceiro mandato consecutivo nas eleições presidenciais de 28 de julho, que a oposição denuncia como fraudulenta.
O mandatário foi declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) sem apresentar o detalhamento da apuração. Protestos desencadeados após esses resultados deixaram 27 mortos – dois deles militares -, quase 200 feridos e mais de 2 mil detidos, segundo números oficiais.
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