Críticas às Nações Unidas e referências aos conflitos globais marcaram os discursos de líderes mundiais. Debate Geral começou na terça-feira (24) e vai até o dia 30 de setembro. Na ONU, Biden e Gutérres mostram preocupação com conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia
O primeiro dia de discursos de chefes de Estado na Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (24), foi marcado por uma série de críticas às Nações Unidas. Além disso, os conflitos no Oriente Médio e entre Ucrânia e Rússia foram citados várias vezes.
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O encontro reúne 193 autoridades de Estados-membros da ONU e continua até o dia 30 de setembro. Cada chefe de Estado tem direito a um discurso de 15 minutos. No entanto, os oradores costumam usar um pouco mais de tempo.
Mais de 20 autoridades foram escaladas para discursar no primeiro dia do “Debate Geral”. Veja a seguir alguns destaques:
A ONU foi duramente criticada por vários chefes de Estado. A falta de representatividade no Conselho de Segurança e a ineficácia da organização para atingir metas globais foram citadas.
Enquanto o presidente Lula disse que o planeta estava “farto de acordos climáticos não cumpridos”, o líder da Turquia afirmou que o “sistema das Nações Unidas está morrendo”.
O Oriente Médio foi citado várias vezes. O emir do Catar e o presidente do Irã afirmaram que está ocorrendo um genocídio em Gaza, enquanto o presidente da Colômbia chamou o primeiro-ministro de Israel de “criminoso”.
O Irã tentou adotar uma postura mais moderada ao fazer um aceno ao Ocidente. O país também disse estar pronto para retomar as negociações para um acordo nuclear.
Javier Milei, da Argentina, fez um discurso mais político e ideológico. Ele disse que a ONU quer impor um modelo de governo “socialista”, além de citar a “agenda Woke”.
ONU no olho do furacão
Lula discursa na Assembleia Geral da ONU, em 24 de setembro de 2024
Mike Segar/Reprodução
Como já era esperado, a ineficácia da ONU para evitar ou parar guerras foi citada em vários discursos. O presidente Lula, que foi o primeiro a discursar, também inaugurou as críticas às Nações Unidas.
Além de citar os conflitos, Lula defendeu mudanças na estrutura da organização e ressaltou a falta de esforços na agenda climática.
“O planeta já não espera para cobrar da próxima geração, e está farto de acordos climáticos que não são cumpridos. Está cansado de metas de redução da emissão de carbono negligenciadas, do auxílio financeiro aos países pobres que nunca chega”, disse.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, foi mais além. Ele citou o conflito na Faixa de Gaza e a morte de civis palestinos para reprovar o trabalho da ONU.
“Junto com as crianças em Gaza, o sistema das Nações Unidas também está morrendo. A verdade está morrendo, os valores que o Ocidente afirma defender estão morrendo. As esperanças de a humanidade viver em um mundo mais justo estão morrendo uma a uma”, afirmou.
Oriente Médio no radar
Joe Biden durante discurso na 79ª Assembleia da ONU
Angela Weiss/AFP
A questão do Oriente Médio foi o grande destaque dos discursos de terça-feira. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, citou a escalada envolvendo Israel e o Líbano. Para o democrata, negociações ainda são possíveis.
“Uma guerra total não é do interesse de ninguém. Mesmo que a situação tenha escalado, uma solução diplomática ainda é possível”, disse.
Enquanto os Estados Unidos se posicionaram como aliados de Israel, outros países preferiram por fazer uma abordagem mais dura ao governo israelense.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, relacionou a desigualdade com os conflitos mundiais e a situação em Gaza. Ele chamou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de criminoso.
“É nessa desigualdade alcançada — a maior da nossa história como espécie — que você pode encontrar a lógica da destruição em massa desencadeada na crise climática e a lógica das bombas lançadas por um criminoso como Netanyahu em Gaza. Netanyahu é um herói para o um por cento mais rico da humanidade, porque ele é capaz de mostrar que os povos podem ser destruídos sob bombas.”
Já o emir do Catar, Tamim Bin Hamad al Thani, disse que o território palestino é alvo de um genocídio. Atualmente, o país é um dos mediadores do conflito e negocia com Israel e o Hamas para um cessar-fogo.
“A agressão flagrante contra o povo palestino na Faixa de Gaza hoje é a mais bárbara, abominável, extensa, violadora dos valores humanos e das convenções e direitos internacionais. Não é uma guerra que respeita o conceito de guerra, mas um crime de genocídio.”
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Irã ‘moderado’
Masoud Pezeshkian, do Irã, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2024
REUTERS/Mike Segar
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, também classificou o conflito em Gaza como genocídio de palestinos. Por outro lado, o governante adotou uma postura mais moderada a fazer um aceno ao Ocidente e propor a retomada de negociações para um acordo nuclear.
“Estamos prontos para nos envolver com os participantes do acordo nuclear de 2015. Se os compromissos do acordo forem implementados integralmente e de boa-fé, o diálogo sobre outras questões pode seguir.”
Pezeshkian disse ainda que o Irã defende o fim do conflito militar na Ucrânia e que o país busca por paz. Vale lembrar que o Irã e a Rússia são aliados. Além disso, o governo iraniano apoia o grupo extremista Hezbollah, no Líbano.
Milei e a ‘agenda Woke’
O presidente da Argentina, Javier Milei, discursa na Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2024
REUTERS/Mike Segar
O presidente da Argentina, Javier Milei, aproveitou o espaço dele para dizer que o país está abandonando uma política histórica de neutralidade, para defender a liberdade.
O discurso de Milei teve um tom mais político. Ele citou a crise na Argentina e fez críticas a movimentos de esquerda. Segundo ele, a ONU também deseja impor um modelo de “governo supranacional socialista”.
“A postura moral da ‘agenda Woke’ colidiu com a realidade e já não têm soluções credíveis para oferecer aos problemas reais do mundo”, disse.
A ‘agenda Woke’ é um termo usado por críticos para descrever pessoas que querem impor ideias progressistas por meio de métodos coercitivos. Geralmente, é usado de forma pejorativa contra pessoas de esquerda.
Milei encerrou o discurso com sua frase tradicional: “Viva a liberdade, caralho”.
O jornal “La Nación” classificou o discurso de Milei como “atípico” e disse que o presidente virou as costas para a agenda de desenvolvimento, ficando “solitário na frente do mundo”.
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Alex Lorel
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