Apesar de enfraquecida por golpes e ataques humilhantes, milícia xiita resiste à pressão militar israelense. Protesto contra Israel e favorável ao Líbano no Iêmen, em 25 de setembro de 2024
REUTERS/Khaled Abdullah
A escalada de confrontos nos últimos dias entre Israel e Hezbollah se sustenta em uma guerra de crenças de ambos os lados. O governo de Benjamin Netanyahu aposta que os bombardeios nos redutos da milícia xiita no Líbano e a morte de seus principais comandantes terão um efeito psicológico: acabarão por dobrar o chefe Hassan Nasrallah a interromper os ataques que começaram em outubro passado, permitindo, assim, o retorno de 60 mil residentes às suas casas na fronteira Norte do país.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Humilhado pela explosão coordenada de centenas de pagers e walkie-talkies, o líder do Hezbollah, por sua vez, aposta na sobrecarga do Exército israelense, cansado e dividido em duas frentes de conflitos — em Gaza e na Cisjordânia — para entrar numa terceira, no Norte.
Apesar dos ataques crescentes — segunda-feira (23) foi o dia mais mortal no Líbano desde a guerra civil que abalou o país por 15 anos —, Nasrallah parece não querer ceder à pressão militar de Israel, que causou pelo menos 600 mortos e o deslocamento de meio milhão de libaneses. Ao contrário, ele mantém-se desafiador no intuito de atuar como uma ameaça potencial ao país vizinho e enredá-lo num confronto terrestre que seria desastroso para ambos os lados.
A estrutura de comando da milícia xiita se enfraqueceu com a morte de seus principais auxiliares e golpes sucessivos na última semana. Mas o Hezbollah resiste e, a prova disso, foi a demonstração na manhã desta quarta-feira (25), com o lançamento de um míssil balístico Qader1 na região de Tel Aviv.
De acordo com o grupo, o ataque tinha como objetivo o quartel-general do Mossad, mas o míssil de médio alcance, desenvolvido pelo Irã e com capacidade para atingir alvos a 1.600 quilômetros de distância, foi interceptado pelo sistema aéreo de defesa israelense.
O principal porta-voz militar de Israel, Daniel Hagari, deixou claro que o objetivo da ofensiva é uma campanha aérea e não uma incursão terrestre. Mas isso vai depender do quanto o Hezbollah é capaz de suportar e de arrastar Israel para uma Segunda Guerra do Líbano.
Um dos principais analistas em questões militares e de defesa do país, o colunista Amos Harel, do jornal “Haaretz”, pondera que a política do Hezbollah ainda pode mudar, e o grupo tem capacidade de causar grandes danos a Israel, tanto no Norte quanto no Centro do país.
“O uso massivo de suas armas estratégicas – mísseis de precisão de médio e longo alcance – depende de o Irã conceder permissão”, avalia o comentarista.
Nesse jogo de apostas arriscadas, o Irã atua como peça essencial, como principal patrocinador do Hezbollah. Até agora, o regime dos aiatolás parece não ter interesse em entrar numa conflagração regional, conforme sugeriu o presidente Masoud Pezeshkian, ao mesmo tempo em que advertiu que o “Hezbollah não pode ficar sozinho” se continuar a ser duramente atingido.
LEIA TAMBÉM
Irã diz que não ficará indiferente em caso de guerra total entre Israel e Hezbollah
‘Morreram trabalhando na pequena fábrica da família’, diz irmã de brasileiro morto em ataque no Líbano
Brasileira relata terror no Líbano: ‘A guerra está aberta e têm muitas pessoas morrendo’
VÍDEOS: mais assistidos do g1

Tags
About Author

Alex Lorel
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua veniam.

Deixe um comentário