Embalado pelo apoio popular e de seus desafetos, primeiro-ministro atesta, mais uma vez, sua capacidade como sobrevivente político. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, mostra um mapa do Irã e aliados com a inscrição “a maldição” durante discurso na Assembleia Geral da ONU, em 27 de setembro de 2024.
Eduardo Munoz/ Reuters
Benjamin Netanyahu desfruta da sua melhor semana em um ano e exibe o ar triunfante do sobrevivente que se arrastava no limbo, mas obteve uma reviravolta política com a campanha de ataques aéreos e assassinatos no Líbano. O premiê israelense mantém o título de pária internacional, mas internamente saboreia o impulso nos níveis de popularidade, gravemente abalada pelo massacre do Hamas, em outubro passado.
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Em um ano, o primeiro-ministro resistiu à pressão popular e aos pedidos de renúncia, manobrou e irritou aliados externos, como os EUA e países europeus, com idas e vindas nas negociações para um cessar-fogo em Gaza e a libertação de reféns. Usou o pretexto da guerra para postergar as investigações sobre as falhas de seu governo no atentado em solo israelense que tirou a vida de 1.200 cidadãos.
“Ele nunca foi embora, mas agora Netanyahu está realmente de volta”, resumiu David Horovitz, editor-chefe do “Times of Israel”, sobre o atual momento do premiê. A campanha de bombardeios contra o Hezbollah enfraqueceu a milícia xiita e surpreendeu o Irã. Mais do que isso, garantiu ao premiê mais longevo de Israel o apoio popular e de desafetos da classe política, elevou o moral dos israelenses e restaurou a confiança nos serviços de inteligência.
No fim das contas, os confrontos regionais, que adiaram a sua iminente queda, beneficiaram Netanyahu. Se as eleições fossem hoje, seu partido, o Likud, obteria o maior número de cadeiras do Parlamento — 25, ainda que insuficiente para governar, de acordo com uma pesquisa exibida pelo Canal 12, realizada após o assassinato do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
O primeiro-ministro passou o último ano na corda-bamba, cedendo frequentemente às pressões de ministros ultranacionalistas que asseguram a sua permanência no comando do governo. Contudo, mais uma vez, Netanyahu exibiu o troféu de raposa política, executando mais uma de suas manobras: trouxe para a coalizão de sete partidos um ex-aliado e também adversário.
Cotado para assumir o comando da Defesa, no lugar de Yoav Gallant, o político de direita Gideon Saar entra no governo como ministro sem pasta. Ele dará a Netanyahu mais estabilidade e um respiro nos embates diários com seus ministros messiânicos, acusados de torpedear o cessar-fogo em Gaza e o retorno dos reféns a Israel.
Com mais quatro deputados, o partido Nova Esperança, de Saar, reforça a maioria do premiê no Parlamento, com 68 dos 120 assentos, e enfraquece os partidos radicais da coalizão na estratégia de arrancar concessões do premiê às custas de abandoná-lo.
Netanyahu é conhecido por vangloriar-se dos acertos e eximir-se da responsabilidade pelos fracassos. Ou seja, ressalta que foi dele a decisão de atacar o complexo subterrâneo onde Nasrallah presidia uma reunião com o comando do Hezbollah.
Israel faz bombardeio em área no sul do Líbano
AP Photo/Leo Correa
Embalado pela autoconfiança, renovada pelas conquistas militares dos últimos dias, o premiê deu aval para uma nova fase do confronto: incursões terrestres limitadas no Sul do Líbano, aprovadas nesta madrugada numa reunião ministerial.
A princípio, o ingresso de tropas no país tem como objetivo a destruição da infraestrutura militar do Hezbollah na área, para que os 60 mil residentes deslocados do Norte israelense possam voltar às suas casas. Trata-se de mais uma manobra arriscada do premiê, pois prevê baixas e a perspectiva de o país chafurdar num atoleiro. Reaviva com força a memória recente da última guerra no Líbano, em 2006, quando entrar no território vizinho foi mais simples do que sair dele.
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Alex Lorel
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