Mortes no Líbano por ataques de Israel chegam a quase 2.000 e ultrapassam guerra de 2006

Segundo Ministério da Saúde do Líbano, 1.974 pessoas morreram em menos de duas semanas de bombardeios de Israel. Do total, 127 eram crianças. Fumaça se eleva sobre os subúrbios sul de Beirute após um ataque das forças israelenses
Amr Abdallah Dalsh/Reuters
Em menos de duas semanas, os bombardeios de Israel ao Líbano já deixaram 1.974 pessoas mortas, afirmou nesta quinta-feira (3) o Ministério da Saúde libanês. Desse total, 127 eram crianças, ainda de acordo com o ministério.
Mais de 6 mil pessoas também ficaram feridas em decorrência dos bombardeios.
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O número ultrapassou o balanço total de mortos na guerra do Líbano em 2006, que durou pouco mais de um mês e teve um total de 1.300 mortos.
Nos últimos 12 meses, o conflito entre Israel e o Hezbollah resultou em 1,9 mil mortes no Líbano e deixou milhares de feridos.
Durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU nesta quarta-feira (2), o encarregado de negócios interino do Líbano, Al-Sayyid Hadi Hashim, afirmou que o país foi empurrado contra uma crise humanitária grave, com milhares de pessoas desabrigadas.
Segundo Hashim, atualmente o Líbano tem 1 milhão de libaneses que precisaram deixar suas casas por causa do conflito. O país também abriga 2 milhões de sírios deslocados e 500 mil palestinos refugiados.
“O que está acontecendo agora, com essas mortes, pessoas desabrigadas e destruições sem precedentes, não pode ser mais tolerado ou ignorado. As crianças dos subúrbios do sul de Beirute estão dormindo nas ruas”, afirmou.
O encarregado ressaltou dois bombardeios recentes de Israel. Segundo ele:
Em 23 de setembro, Israel lançou um bombardeio aéreo que provocou as mortes de 569 pessoas, incluindo 50 crianças e 94 mulheres. Esse dia foi o mais sangrento desde 2006, quando Israel travou uma guerra contra o Hezbollah.
Em 29 de setembro, Israel laçou um ataque contra uma área residencial, resultando na morte de 71 pessoas, incluindo mulheres e crianças que ficaram presas nos escombros. Hashim chamou o episódio de “massacre”.
Enquanto isso, o governo de Israel diz que 50 soldados morreram em confrontos envolvendo o Hezbollah no Líbano. Oito foram assassinados nesta quarta-feira. O representante de Israel na ONU, Danny Danon, disse que o país enfrenta ataques diretos à própria existência.
“Essa é a realidade que enfrentamos todos os dias: terror nas fronteiras, mísseis sobre nossas cabeças, balas nas ruas. O Conselho precisa entender o cenário em que Israel é forçado a viver”, disse.
No início desta semana, Israel iniciou uma operação terrestre limitada contra alvos do Hezbollah no Líbano. As Forças de Defesa de Israel disseram que os ataques são precisos contra o grupo extremista.
O representante do Líbano rebateu o argumento de Israel e disse ser “mentira” que as forças israelenses tenham feito ataques precisos e “cirúrgicos”.
“Os prejuízos aos civis e à infraestrutura civil são imensos”, afirmou Hashim. “Hoje, o Líbano está preso entre a máquina de destruição de Israel e a ambição de outros na região. As pessoas do Líbano rejeitam essa fórmula fatal. O Líbano merece vida.”
O governo do Líbano pediu ao Conselho de Segurança da ONU o envio de ajuda humanitária urgente e apelou por um aporte financeiro de US$ 426 milhões (R$ 2,3 bilhões).
O país também pediu para que outras nações pressionem Israel para a aprovação de um cessar-fogo de 21 dias proposto por França e Estados Unidos.
“O Conselho de Segurança deve tomar as medidas para evitar uma implosão do Oriente Médio”, afirmou Hashim.
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Entenda o conflito
Israel disse que está fazendo uma operação militar contra o grupo extremista Hezbollah. Embora tenha atuação política no Líbano, a organização possui um braço armado com forte influência no país. Além disso, o Hezbollah é apoiado pelo Irã e é aliado dos terroristas do Hamas.
Os extremistas têm bombardeado o norte de Israel desde outubro de 2023, em solidariedade aos terroristas do Hamas e às vítimas da guerra na Faixa de Gaza.
Nos últimos meses, Israel e Hezbollah viveram um aumento nas tensões. Um comandante do grupo extremista foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida.
Mais recentemente, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah. O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes pontos:
Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.
A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.
Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando “uma nova fase na guerra”.
Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.
Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.
Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.
Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, por meio de um bombardeio em Beirute.
Israel lançou uma operação terrestre no Líbano “limitada e precisa” contra alvos do Hezbollah, no dia 30 de setembro.
Em 1º de outubro, o Irã atacou Israel como resposta à morte de Nasrallah e outros aliados do governo iraniano.
Veja onde fica o Líbano
Arte/g1
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