Jogador de Belford Roxo lembra saga para sair do Líbano em meio a guerra: ‘Restos de corpos, destroços e fome’

Jogador de Belford Roxo lembra saga para sair do Líbano em meio a guerra: ‘Restos de corpos, destroços e fome’

Vinícius Calamari, de 35 anos, fez em 13 horas trajeto de carro que levaria 30 minutos até chegar do sul do Líbano a Beirute e relata o que viu no caminho. Jogador de Belford Roxo lembra saga para sair do Líbano em meio a guerra: ‘Restos de corpos, destroços e fome’
Depois de muita dificuldade para deixar um país que vive o horror da guerra, o jogador de futebol Vinícius Calamari, de 35 anos, conseguiu sair do Líbano e já está em casa, na Baixada Fluminense. Em entrevista ao RJ2, ele relatou as dificuldades de ter que atravessar o país de carro e aguardar um voo para o Brasil e conta que escapou por pouco de bombardeios.
Vinicius estava morando no Líbano havia um mês, onde atuava pelo Jwaya Club, no sul do país. Foi de carona para a capital, Beirute, na esperança de deixar o país. A viagem de carro que deveria durar meia hora virou uma eternidade.
“Levei 13 horas de carro, muita gente entrando na contramão, muito acidente, muita fome, muita miséria ali. E você via os mísseis passando de um lado pro outro. Era horrível, era horrível, não desejo isso pra ninguém”, diz ele.
Vinicius conta que em dois momentos mísseis caíram perto de onde estava: ainda no sul do Líbano e ao parar para pedir informações, já na travessia para Beirute. “Foi assustador. Eu encostei numa parede e aí veio o segundo míssil. Caiu bem perto. Esse que caiu perto, esse aí foi brutal”, lembra. “Eu cheguei a ver restos de corpo, destroço, essas coisas. Foi brutal”, acrescenta.
Chegando a Beirute, mais um desafio. As companhias aéreas cancelaram os voos. Ele postou um vídeo na internet fazendo um apelo aos amigos para que avisassem as autoridades no Brasil sobre sua saga.
O atleta se inscreveu pra conseguir uma vaga num dos voos da Força Aérea Brasileira. Foram 10 dias de espera até conseguir. Enquanto aguardava no aeroporto, ouvia o barulho de bombas.
“A preocupação era o voo ser cancelado. Ele ia pra lá e a gente já começou a entender que poderia ser por causa dos mísseis , né? Muita gente orando, pedindo a Deus pra que o avião chegasse pra gente poder sair dali”, lembra.
O jogador embarcou na segunda-feira (7). Já no ar, finalmente veio o momento de alívio: “Eles falaram no avião: ‘a gente está num espaço seguro’. Aí foi aí que todo mundo comemorou dentro do avião. Você via as pessoas se abraçando, batendo palma pro capitão”, lembra
O avião desceu em São Paulo nesta terça e ele veio de ônibus para o Rio de Janeiro. De Beirute, capital do líbano, até Belford Roxo, foram mais dois dias de viagem. Vinícius chegou essa madrugada cansado e mesmo assim não conseguiu dormir direito.
“Na minha memória estão aquelas crianças que estavam ali na dificuldade, pedindo socorro, as pessoas que eu vi ali solterradas, né? Nos prédios que caíram”.
Vinícius mal acredita que conseguiu chegar vivo ao Brasil. Tudo o que ele trouxe foi uma mochila, alguns pertences e a roupa do corpo.
“Eu não queria ter saído de lá porque eu sabia que eu podia garantir até o futuro dos meus filhos, o meu, com aquele trabalho. Vamos continuar a vida, é isso”, finaliza.
Jogador Vinicius Calamari conseguiu sair do Líbano
Reprodução/RJ2
Vinícius Calamari era jogador no Líbano
Reprodução/RJ2
Trajeto feito pelo jogador Vinícius Calamari no Líbano
Reprodução/RJ2

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