Israel vai responder o Irã antes das eleições americanas e foco será em instalações militares, diz jornal

Bombardeio contra alvos militares iranianas seria uma resposta ‘calibrada’ para escalar menos as tensões entre Israel e Irã, que já estão altas após ataque de mísseis em território israelense e guerra entre
o Exército de Israel e grupos aliados do Irã. Era especulado que Israel planejaria atacar estruturas nucleares ou de petróleo do rival. Joe Biden e Benjamin Netanyahu em outubro de 2023
Miriam Alster/Reuters
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse ao governo dos Estados Unidos que está disposto a bombardear alvos militares do Irã como resposta ao ataque de mísseis iraniano em solo israelense em 1º de outubro, e que essa resposta viria antes das eleições dos EUA, segundo o jornal americano “The Washington Post”.
Segundo duas autoridades americanas ouvidas pelo jornal sob anonimado, um ataque contra alvos militares teria um caráter mais limitado e “calibrado”, com o objetivo de evitar uma guerra entre Israel e Irã. As tensões entre os rivais regionais já estão altas por conta do ataque de mísseis iraniano e das guerras entre o Exército israelense e grupos armados aliados de Teerã.
Há o temor de que uma agressão contra instalações de petróleo ou nucleares do Irã, que era especulada pelo gabinete de guerra israelense, poderia desencadear uma guerra entre os dois países, puxando potências mundiais para o conflito. Desde o ataque de mísseis, Israel havia dito que sua reposta seria “letal, precisa e surpreendente”.
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A comunicação sobre o ataque teria ocorrido durante a ligação de telefone entre Biden e Netanyahu na semana passada, segundo o jornal.
O ataque israelense ao Irã seria realizado antes das eleições dos EUA, em 5 de novembro, disse o funcionário familiarizado com o assunto, porque a falta de ação poderia ser interpretada pelo Irã como um sinal de fraqueza. “Será uma de uma série de respostas”, disse ela.
Biden e Netanyahu conversam por telefone
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conversaram por telefone na semana passada, em meio à escalada do conflito no Oriente Médio. Enquanto isso, a Defesa de Israel prometeu um ataque contra o Irã “letal, preciso e surpreendente”.
A conversa de 30 minutos foi a primeira entre Biden e Netanyahu desde agosto. No radar estava a crise entre Israel e o Irã, além do conflito envolvendo o grupo extremista libanês Hezbollah. Por outro lado, os Estados Unidos ainda insistem em um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
A ligação foi “direta e muito produtiva”, segundo a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre. Ela reconheceu que os dois líderes têm discordâncias, mas disse que ambos discutem as diferenças abertamente.
As relações entre Biden e Netanyahu têm sido tensas, especialmente devido à forma como o premiê israelense está lidando com a guerra em Gaza e o conflito com o Hezbollah. Israel declarou que continuará as operações militares até que os israelenses estejam seguros.
No livro “War” (Guerra), que será lançado na próxima semana, o jornalista Bob Woodward relata que Biden frequentemente acusava Netanyahu de não ter estratégia e chegou a xingá-lo.
As tensões entre Biden e Netanyahu aumentaram nas últimas semanas, com os EUA sendo pegos de surpresa pelas ações de Israel. Isso inclui o assassinato do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e a explosão de pagers e walkie-talkies usados pelo grupo extremista.
O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, classificou a ligação desta quarta entre Biden e Netanyahu como “positiva”. Ele também agradeceu o apoio dos Estados Unidos e citou os planos para um contra-ataque ao Irã.
“E, como dissemos antes, Israel retaliará pelo ataque… Escolheremos os locais. Será doloroso para o regime iraniano”, disse Danon.
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Tensão com o Irã
No dia 1º de outubro, o Irã lançou cerca de 200 mísseis contra Israel. A ação foi uma retaliação à escalada militar israelense no Líbano. Desde então, a comunidade internacional aguarda com suspense a resposta israelense.
Após a conversa entre Biden e Netanyahu, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, publicou um vídeo afirmando que a ação do Irã foi um fracasso. Ele disse ainda que Israel continua planejando um contra-ataque.
“Quem nos atacar será ferido e pagará um preço. Nosso ataque será letal, preciso e, acima de tudo, surpreendente. Eles não entenderão o que aconteceu e como aconteceu, mas verão os resultados”, afirmou.
Os Estados Unidos declararam que apoiam Israel nas ações contra alvos ajudados pelo Irã, como o Hezbollah e o Hamas. Por outro lado, o governo Biden tem tentado, sem sucesso, conter o aumento do conflito.
No caso de uma resposta direta ao Irã, Biden já desaconselhou Israel a atacar instalações nucleares e petroleiras do Irã.
O governo iraniano, por sua vez, já disse que qualquer retaliação israelense será respondida com vasta destruição. A afirmação alimentou temores de uma guerra mais ampla na região, que poderia envolver os Estados Unidos.
Questão eleitoral
Biden tem sido alvo de duras críticas de parceiros internacionais, bem como de membros de seu próprio partido, pela incapacidade de influência — incluindo o papel dos EUA como principal fornecedor de armas de Israel — para conter os ataques de Netanyahu.
Por extensão, Kamala Harris, vice-presidente e candidata democrata à Casa Branca, tem sido desafiada a defender a política de Biden durante a campanha eleitoral. Kamala participou da ligação entre o presidente americano e Netanyahu, segundo uma fonte ouvida pela Reuters.
Nesse contexto, alguns eleitores árabe-americanos em Michigan passaram a apoiar uma candidata independente à Casa Branca. O movimento pode provocar uma derrota a Kamala em um estado decisivo.
Segundo uma pesquisa da Universidade de Quinnipiac divulgada nesta quarta-feira, Kamala tem 47% das intenções de voto no Michigan, enquanto Trump aparece com 50%. Há 3 semanas, a democrata liderava no estado, por um placar de 50% a 45%.
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