Preso por 23 anos, fluente em hebraico, crescido em Gaza: quem era Yahya Sinwar, morto por Israel 2 meses após assumir comando do Hamas

Responsável por planejar o maior atentado terrorista em solo israelense, Sinwar passou 23 anos preso e governa o território palestino há seis anos. Ele foi morto nesta quinta (17) em um bombardeio de Israel. Em imagem de 2011, Ismail Sinwar é carregado no ombro por simpatizantes em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
Mohammed Salem/ Reuters
A “era de Yahya Sinwar”, como simpatizantes do Hamas estavam chamando a nova gestão do grupo terrorista, durou pouco mais de dois meses.
Sinwar foi nomeado em agosto o comandante máximo do Hamas, após a morte de seu antecessor, Ismail Haniyeh, alvejado por Israel quando estava em Teerã, no Irã.
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Desde que virou comandante, no entanto, seu paradeiro era secreto. Mas o perfil do terrorista deu pistas a Israel — nascido e crescido na Faixa de Gaza, ele tinha uma relação de proximidade com moradores do território.
Nesta quinta-feira (17), Israel anunciou ter matado o terrorista em um bombardeio em Rafah, no sul de Gaza.
Antes de virar o número 1 do Hamas, Sinwar era o chefe do Hamas na Faixa de Gaza, o que o aproximava de simpatizantes — Haniyeh, seu antecessor, exercia um papel mais político e nunca era visto em Gaza. Ele vivia em Doha, no Catar.
“Sinwar vive com o povo palestino em Gaza. Ele é mais firme do que um líder que vive fora de Gaza’, disse à Rádio França Internacional um simpatizante do Hamas que vive em Hebrón, na Cisjordânia, quando o terrorista foi nomeado o comandante do grupo.
Mas foi outra característica de Sinwar que fez com que Israel passasse mais de um ano em sua caça: foi ele quem comandou os ataques do Hamas a Israel de 7 de outubro de 2023, o maior atentado terrorista em solo israelense, quando os terroristas mataram mais de 1.200 e sequestraram centenas de outras.
“Yahya Sinwar, o líder do Hamas que reacendeu a guerra entre a Palestina e Israel, é um homem morto”, afirmou, na ocasião Daniel Hagari, porta-voz do Exército israelense.
Quem é Yahya Sinwar, o chefe do Hamas em Gaza, procurado por Israel
Eleito por Yeio de votações secretas, Yahia Sinwar governou a Faixa de Gaza por seis anos.Antes disso, ele passou 23 anos em prisões israelenses, condenado a quatro penas de prisão perpétua, pela morte de dois soldados israelenses e de quatro palestinos considerados espiões de Israel.
Foi libertado em 2011, com mais 1.026 prisioneiros palestinos, em troca do soldado israelense Gilad Shalit, sequestrado cinco anos antes pelo Hamas.
Aos 61 anos, Sinwar falava e escrevia hebraico fluentemente — ele já disse que, enquanto esteve preso, dedicou-se a estudar o inimigo.
Em 2018, durante as negociações para um cessar-fogo com Israel, ele redigiu, à mão e em hebraico, uma mensagem ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, com apenas duas palavras: “risco calculado”.
O premiê israelense concordou, então, em permitir a entrada de ajuda financeira regular do Catar a Gaza, em troca de uma trégua frágil com o Hamas, sem aceder, contudo, a outras exigências, como troca de prisioneiros e levantamento do bloqueio ao enclave.
Em dezembro de 2022, quando Netanyahu preparava-se para assumir um novo mandato no comando de uma coalizão com a extrema direita, Sinwar previu um confronto aberto em Israel em 2023.
Quando Israel começou a bombardear Gaza, após a invasão do Hamas a seu território no ano passado, os primeiros mísseis foram direcionados à casa e ao gabinete de Sinwar, sem atingi-lo.

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