Com histórico de apoio aos democratas, jornal afirmou que vai parar de endossar candidatos à presidência após 36 anos. Colunistas revelaram que decisão partiu do dono Washington Post, Jeff Bezos. Editorial do The Washington Post afirma que jornal não irá mais apoiar candidatos à presidência
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O jornal “The Washington Post”, um dos principais dos Estados Unidos, anunciou que vai se manter neutro nas eleições presidenciais deste ano. Esta é a primeira vez que o jornal não publica um editorial apoiando um candidato em 36 anos.
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O Washington Post vem apoiando candidaturas democratas desde 1976. A única exceção foi a eleição de 1988, quando o jornal se manteve neutro. Agora, em um editorial publicado nesta sexta-feira (25), o “Post” anunciou que vai retornar às raízes e não irá mais endossar nenhuma campanha presidencial.
“Nosso trabalho no The Washington Post é fornecer, por meio da redação, notícias imparciais para todos os americanos, além de opiniões instigantes e relatadas por nossa equipe para ajudar nossos leitores a formarem suas próprias opiniões”, diz o editorial.
Mais tarde, os colunistas Manuel Roig-Franzia e Laura Wagnerdo publicaram um texto no site do próprio Washington Post, revelando que funcionários do jornal haviam redigido um editorial de apoio à candidata democrata Kamala Harris.
No entanto, o dono do jornal, Jeff Bezos, pediu para que o editorial não fosse publicado. Bezos é mundialmente conhecido por ser o bilionário fundador da Amazon.
O Washington Post compartilhou o texto que revelou a decisão de Bezos em uma rede social. Veja abaixo.
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O ex-editor executivo do jornal Martin Baron criticou a decisão em uma rede social. Segundo ele, a posição adotada pelo Washington Post é uma “covardia”.
“Donald Trump celebrará isso como um convite para intimidar ainda mais o dono do The Post, Jeff Bezos. Uma falta de coragem perturbadora em uma instituição famosa pela coragem”, escreveu.
Baron afirmou ainda que a democracia sairá como vítima.
A imprensa norte-americana tem o costume de publicar editoriais declarando apoio a candidatos nas eleições presidenciais. O jornal “The New York Times” e a revista “The New Yorker”, por exemplo, anunciaram que estão ao lado de Kamala Harris.
Atitude semelhante
Na Califórnia, o jornal “L.A. Times” adotou uma medida semelhante ao do The Washington Post e não anunciou nenhum apoio nas eleições presidenciais. Desde 2008, o veículo apoiava candidatos democratas.
O jornal também tinha pronto um editorial com apoio a Kamala Harris, que acabou bloqueado por Patrick Soon-Shiong, dono do L.A. Times. Ele comprou o veículo em 2018 por US$ 500 milhões.
A postura da direção do jornal fez com que a chefe de editoriais do L.A. Times, Mariel Garza, pedisse demissão. Ela disse que a mudança na tradição da publicação fez o jornal parecer “covarde e hipócrita”.
A decisão também repercutiu de forma negativa entre os leitores, que não receberam nenhuma explicação do jornal. A liderança sindical do L.A. Times também demonstrou preocupação.
New York Times apoia Kamala
O jornal “The New York Times” anunciou apoio a Kamala Harris em um editorial publicado no fim de setembro.
Com o título “A única escolha patriótica para presidente”, o jornal afirmou que é “difícil imaginar um candidato que menos merece ser presidente dos Estados Unidos do que Donald Trump”.
“Ele provou ser moralmente inapto para um cargo que pede a seu ocupante que coloque o bem da nação acima do interesse próprio. Ele provou ser temperamentalmente inapto para um papel que requer as mesmas qualidades — sabedoria, honestidade, empatia, coragem, contenção, humildade, disciplina — que ele mais carece”, diz o texto.
O jornal elencou ainda acusações criminais enfrentadas por Trump, além da idade avançada e a falta de interesse na política do republicano. Por este motivo, “New York Times” acredita que a única opção disponível seria Kamala.
“Como uma dedicada servidora pública que demonstrou cuidado, competência e um compromisso inabalável com a Constituição, a Sra. Harris está sozinha nesta corrida”, diz o editorial.
“Ela pode não ser a candidata perfeita para todos os eleitores, especialmente aqueles que estão frustrados e irritados com as falhas do nosso governo em consertar o que está quebrado — do nosso sistema de imigração às escolas públicas, aos custos de moradia e à violência armada.”
Kamala também não foi poupada de críticas no editorial. O jornal afirma que a atual vice-presidente precisa explicar melhor seu plano de governo aos eleitores, em vez de apenas se apresentar como a única alternativa viável ao risco que Trump representa à democracia.
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Alex Lorel
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