Local do comício da democrata, na capital dos EUA, foi o mesmo escolhido por Trump para fazer ato que culminou em invasão de seus apoiadores ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. No discurso, a candidata aludiu a seu rival como “traidor mesquinho” e “projeto de ditador”. Kamala Harris faz discurso de campanha em Washington, DC, nos EUA, em 29 de outubro de 2024
Hannah McKay/Reuters
Kamala Harris subiu ao púlpito nesta terça-feira (29) em Washington para o comício que marca o ato final de sua campanha para a Presidência dos Estados Unidos.
Em seu discurso, ela classificou seu adversário, Donald Trump, como o candidato do “caos” e da “divisão”, enquanto ela se coloca como a escolha de quem quer a união do país: “Prometo ser a presidente para todos os americanos”, disse a democrata.
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A candidata democrata optou por um local na capital chamado Ellipse, logo ao Sul da Casa Branca. A escolha é carregada de simbolismo, visto que foi lá que seu adversário, Donald Trump, fez um discurso para inflamar seus apoiadores no dia 6 de janeiro de 2021, culminando na invasão do Capitólio.
Baseando-se em falsas acusações, Trump não aceitou a derrota para Joe Biden, e seus apoiadores buscavam impedir que os congressistas, reunidos na sede do Legislativo dos EUA, validassem os resultados do colégio eleitoral que confirmaram a vitória do candidato democrata.
“Esta eleição é mais do que apenas uma escolha entre dois partidos e dois candidatos diferentes”, disse Kamala, em seu discurso. “É uma escolha entre termos um país enraizado na liberdade para todos os americanos ou governado pelo caos e pela divisão.”
“Donald Trump passou uma década tentando manter o povo americano dividido e com medo um do outro. Ele é assim, mas América, estou aqui esta noite para dizer que não somos assim. Não somos assim”, discursou Harris, para a multidão.
Ela também aludiu a seu rival à Presidência como “traidor mesquinho” e “projeto de ditador”.
Ao falar sobre suas propostas, Harris defendeu os direitos reprodutivos das mulheres, um assunto pouco abordado por Trump, que escolheu juízes conservadores para a Suprema Corte, que acabaram votando pela derrubada do direito ao aborto no país.
Sobre a imigração, ela disse que vai “remover rapidamente aqueles que chegam aqui fora da lei” — a campanha republicana tem investido na narrativa de uma “invasão” de imigrantes ilegais nos EUA, possibilitada pelo governo democrata.
Empate nas pesquisas
Apesar dos episódios históricos dessa corrida, incluindo a entrada de última hora de Kamala após a desistência de Joe Biden e as duas tentativas de assassinato contra Trump, as pesquisas mostram que os candidatos continuam empatados.
À medida que a disputa se aproxima do fim, Trump e Kamala focam nos sete estados-chave onde lutarão por alguns milhares de eleitores indecisos. Esses locais serão decisivos e devem definir o resultado final da eleição.
Faltando exatamente uma semana para as eleições nos Estados Unidos, Harris e Trump tentam dar os últimos impulsos na corrida à Casa Branca, que caminha para um final dramático e incerto.
“O que parece neste momento é que está tudo indefinido”, disse à AFP John Mark Hansen, professor de Ciências Políticas da Universidade de Chicago.
Os Estados Unidos, profundamente divididos, farão história de qualquer forma: ou elegem a primeira mulher presidente ou concedem a Trump um retorno espetacular e o tornam o primeiro condenado a ocupar o Salão Oval.
Embora pesquisas recentes mostrem uma tendência a favor de Trump, os números estão dentro da margem de erro.
E a indefinição pode muito bem continuar depois de 5 de novembro, já que a apuração pode durar alguns dias. Diante disso, cria-se uma tensão caso Trump perca e conteste o resultado, como fez em 2020.
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Ataques e estratégia
Em uma corrida com as margens mais apertadas vistas em décadas, o resultado dependerá de quem conseguir conquistar os cruciais eleitores indecisos, além de mobilizar sua base para comparecer às urnas. O voto não é obrigatório nos Estados Unidos.
Kamala está cortejando republicanos moderados que não concordam a retórica cada vez mais dura de Trump. A democrata também visa mulheres que vivem em subúrbios e que são a favor da regulamentação do aborto.
Além disso, Kamala se apresenta como uma “guerreira alegre” que virará a página sobre os escândalos de Trump. A candidata tem apostado em intensificar os ataques à idade e à aptidão mental do republicano, após ele ter uma série aparições cada vez mais erráticas.
A democrata também busca atrair homens negros e latinos, que as pesquisas mostram estarem se inclinando cada vez mais para Trump.
Estados-chave e famosos
Para vencer, os candidatos têm focado incansavelmente nos sete estados-chave mais disputados: Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin. Muitas vezes, os presidenciáveis contam com o apoio de grandes personalidades.
O roqueiro Bruce Springsteen e o casal Barack e Michelle Obama participaram de eventos de Kamala nesses campos de batalha, assim como a republicana Liz Cheney, que se opõe a Trump. Fora dos estados-chave, Beyoncé marcou presença em um comício no Texas.
Em campanha por Trump está o bilionário da tecnologia Elon Musk, cuja plataforma de rede social X se tornou um megafone para desinformação da direita.
Kamala e Trump também intensificam os esforços para incentivar a votação antecipada e garantir apoio. Esse modelo geralmente favorece os democratas.
No entanto, Kamala pode enfrentar um desafio maior no geral. Os democratas várias vezes ganharam no voto popular no passado, mas perderam a presidência devido ao sistema de Colégio Eleitoral dos EUA.
“Kamala tem sido mais bem-sucedida em arrecadar dinheiro e, por todos os relatos, tem uma campanha no terreno melhor organizada do que Trump. Por outro lado, ele provavelmente ainda se beneficia da vantagem republicana no Colégio Eleitoral”, explicou David Karol, da Universidade de Maryland.
“Está muito concorrido. Não há razão para ninguém estar confiante.”
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Alex Lorel
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