Sistema existe há mais de 200 anos e ajuda a balancear interesses e influência de cada estado. Voto popular ainda é decisivo e dá os rumos para a escolha do próximo governante. Delegados votam em Colégio Eleitoral de Michigan
Bill Pugliano/ AFP
O presidente dos Estados Unidos não é eleito diretamente pelo voto da população. Quem o elege é, na verdade, um Colégio Eleitoral, formado por 538 delegados. A explicação para o país adotar esse sistema tem raízes históricas ainda no século 18, quando, no contexto da época, era praticamente impossível a realização de uma votação popular nacional para escolher um presidente.
👉 O tamanho do país e as dificuldades de comunicação fizeram com que, então, os legisladores que elaboraram a Constituição dos EUA em 1787 decidissem por esse sistema.
O objetivo era preservar o papel constitucional dos estados nas eleições presidenciais e equilibrar o processo, garantindo que diferentes perspectivas e necessidades regionais fossem consideradas. Os estados menores, por exemplo, ganharam poder de voz e certa igualdade frente aos maiores.
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Nesse modelo, porém, o voto popular — que vem dos eleitores comuns — ainda é decisivo e dá os rumos para a escolha do próximo governante. O Colégio Eleitoral, na prática, apenas valida a escolha dos milhões de eleitores.
Nesta reportagem, você vai entender:
Como surgiu o Colégio Eleitoral?
Como funciona o Colégio Eleitoral?
Quantos delegados tem cada estado?
Por que nem sempre quem ‘ganha’ no voto popular leva?
Os delegados são obrigados a votar?
O que acontece se não houver maioria?
1. Como surgiu o Colégio Eleitoral?
O sistema do Colégio Eleitoral surgiu ainda no século 18, quando a Constituição dos Estados Unidos estava sendo elaborada. Naquela época, o país ainda estava sendo povoado em algumas áreas, enquanto outras localidades eram mais desenvolvidas.
Diante de um território tão grande e dos desafios da comunicação da época, fazer uma eleição nacional com voto popular seria praticamente impossível. Escolher um presidente apenas com base na opinião de autoridades que estavam na capital também estava fora do baralho.
Com isso, surgiu o Colégio Eleitoral. Delegados foram nomeados em cada estado para formar uma eleição representativa, que atendesse aos interesses de cada região do país.
2. Como funciona o Colégio Eleitoral?
Atualmente, o Colégio Eleitoral dos Estados Unidos é composto por 538 delegados. Cada estado possui um número de representantes diferente, que varia de acordo com o tamanho da população e do número de parlamentares na Câmara e no Senado.
Resumidamente, estados mais populosos tendem a ter mais delegados. Já os menores não têm um peso tão grande, mas ainda podem ser decisivos.
No dia 5 de novembro, os eleitores vão às urnas para votar em quem deve ser o próximo presidente. Em linhas gerais, essa votação serve para que a população indique aos delegados daquele estado quem eles querem que seja o próximo governante.
Com exceção do Maine e do Nebraska, que possuem divisões internas, o candidato mais votado de cada estado pelos eleitores leva todos os delegados daquela área — mesmo que a vitória seja apenas por um voto de diferença.
Para vencer a eleição, o candidato à Presidência precisa ganhar, pelo menos, 270 dos 538 delegados que compõem o Colégio Eleitoral. A reunião do colégio acontece semanas após as eleições, e o novo presidente é oficialmente nomeado.
3. Quantos delegados tem cada estado?
Veja no mapa abaixo o número de delegados, por estado, nos Estados Unidos.
Nebraska e Maine possuem um sistema diferente de delegados:
No caso de Nebraska, são três distritos — cada um com 1 delegado. Além disso, o estado tem dois delegados adicionais que representam a escolha do voto da população em toda a área. Sendo assim, o estado tem um total de 5 delegados.
Já no Maine existem dois distritos, com um delegado cada. Outros dois delegados são escolhidos com base na votação da população do estado todo. Desta forma, o Maine tem um total de 4 delegados.
4. Por que nem sempre quem ‘ganha’ leva?
No sistema do Colégio Eleitoral, o candidato que for o mais votado de um estado leva todos os delegados da área. Isso vale mesmo que ele vença por apenas um voto de diferença.
Desta forma, pode acontecer que um candidato tenha a maioria dos votos populares a partir do ponto de vista nacional, mas, na soma do Colégio Eleitoral, seja derrotado.
Em 2016, por exemplo, a candidata democrata Hillary Clinton teve quase 3 milhões de votos a mais do que o republicano Donald Trump na soma nacional. No entanto, ela conquistou apenas 232 delegados, enquanto Trump teve 306.
Isso aconteceu porque Hillary venceu com ampla vantagem em estados populosos, como a Califórnia e Nova York. Já Trump ganhou em estados-chave por uma margem de votos pequena e, na soma de todos os delegados da região, se saiu melhor.
5. Os delegados são obrigados a votar?
Em muitos estados, os delegados que representam aquela região são obrigados a votar no Colégio Eleitoral de acordo com o resultado da votação popular. Enquanto isso, outras regiões não possuem uma obrigatoriedade expressa.
No passado, alguns delegados se recusaram a seguir o voto popular e escolheram um candidato diferente do que havia vencido no estado. Esses delegados são chamados de “infiéis”.
Ainda assim, um movimento do tipo é muito raro e dificilmente alteraria o resultado final da eleição.
6. O que acontece se não houver maioria?
Existe a possibilidade de que nenhum candidato conquiste a maioria dos 538 delegados. Atualmente, esse cenário é praticamente improvável, mas não impossível. Existe uma pequena chance de que Kamala Harris e Donald Trump terminem as eleições com 269 delegados cada.
Nesse caso, seria acionada a 12ª Emenda da Constituição, e a eleição seria decidida pela Câmara dos Deputados. Neste cenário, cada estado teria direito a um voto, independentemente do tamanho.
Ao fim, o candidato que tivesse a maioria dos votos na Câmara seria eleito. Enquanto isso, o Senado seria responsável por eleger o vice-presidente.
❗ Como os Estados Unidos possuem 50 estados, ainda haveria hipótese de um novo empate. Neste cenário, as negociações e votações continuariam até o fim do impasse. Um presidente interino poderia ser nomeado caso a situação não fosse resolvida até o dia marcado para a posse.
Essa situação aconteceu apenas em 1824, quando nenhum dos quatro candidatos que disputou as eleições conquistou a maioria absoluta dos delegados.
Como funcionam as eleições nos Estados Unidos
arte/g1
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