Neste domingo (3), prova traz 45 questões de linguagens, 45 de ciências humanas e redação. Caderno de provas Enem
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O 1º dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 teve questões sobre Rita Lee, Racionais MCs e solidariedade no Rio Grande do Sul após a enchente histórica de abril. A prova exigiu conhecimento tanto da cultura popular quanto da cultura erudita, abordando de Graciliano Ramos até o grupo de rap mais famoso do país.
Segundo professores ouvidos pelo g1, além do tema da redação (“Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”), a prova também estava carregada de outras referências à cultura, costumes e história das populações afro-brasileira e africana.
Resumo dos temas que caíram no Enem 2024:
Crítica de ‘Game of Thrones’
Trecho de ‘A culpa é das estrelas’, de John Green
Novelas como ‘A escrava Isaura’ e ‘Roque Santeiro’ na Rússia e em Angola em 1980,
Questões sobre cultura africana
Movimento Black Lives Matter
Música Holy War, da cantora americana Alicia Keys
Rompimento da barragem do fundão,
Chegada da pílula anticoncepcional no Brasil nos anos 1960,
Refugiados e dificuldade de integração na sociedade,
Círio de Nazaré (patrimônio histórico no Brasil) e Festival de Parintins,
Citações de textos de Machado de Assis e José de Alencar;
Menção à intertextualidade com versos de Caetano Veloso;
Precariedade menstrual;
Imigrantes nos EUA;
O que é podcast;
Como memes e fake news afetam a educação infantil;
Câncer de mama masculino.
Redação do Enem
Além disso, a redação contou com seis textos motivadores. Entre eles,
Definição do dicionário da palavra ‘herança’;
provérbio africano sobre a origem das pessoas;
Trecho do um samba-enredo da Mangueira;
Trecho de texto que falava que a cultura negra era muitas vezes reduzida a estereótipos no Brasil;
Foto de alunos do RJ vendo um grafite do Zumbi dos Palmares.
Neste domingo (3), candidatos respondem 45 questões de linguagens e outras 45 de ciências humanas, além da redação, cujo tema foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil.
Nível de dificuldade da prova
“De forma geral, a prova veio bem fácil. Ela tinha uma exigência muito interpretativa, valorizando bastante quem mantém calma e tem um hábito de leitura e interpretação, ou seja, esse perfil de aluno”, diz Claudio Hansen, professor de geografia do Descomplica.
Segundo Hansen, foi uma prova que, sem dúvida, valorizou os aspectos de uma sociedade mais democrática. “Apareceram alguns pontos como discussões iluministas, mas, no geral, não foi uma prova conteudista, salvo algumas questões, e valorizou bastante essas pautas”, afirmou o professor de geografia do Descomplica.
“Houve pouca exigência técnica e de conteúdo muito específico para responder sobre dinâmica do clima ou processos ambientais em si; foi uma prova mais contextual dos efeitos na sociedade. (…) Senti muita falta dos debates geopolíticos mundiais. Foi uma prova rara do Enem que não citou a China, apenas mencionou questões americanas, como o Black Lives Matter. Houve uma questão geral sobre o Conselho de Segurança da ONU, mas sem citar países. O Oriente Médio não foi mencionado, e o único país citado nas questões de geografia foi a Argentina, em uma questão mais de sociologia ou história”, comenta Hansen.
Para Rafael Cunha, professor de Linguagens do Descomplica, foi uma prova com muitas questões de interpretação de texto e algumas questões envolvendo variações linguísticas.
“Foi uma prova mais clara, sem perguntas que podiam ser dúbias e conseguiu evitar confusões como em anos anteriores. (…) Essa prova estava mais clara que anos anteriores e isso pode facilitar para os aluno”, afirma Rafael Cunha.
Para Lara Rocha, professora de Humanas do Descomplica, a prova de Sociologia seguiu com as temáticas de sempre, que não são difíceis, como questões de gênero, a situação da mulher, questão racial, cultura, patrimônio cultural, memória, e legado social e histórico.
“Em Filosofia, houve duas questões um pouco mais capciosas, difíceis de interpretar. O texto era complicado e, nesse caso, a livre interpretação não ajudava; os candidatos precisavam ter um certo conhecimento prévio.”
Apesar disso, ela fala que foram citados filósofos conhecidos, como Aristóteles e Foucault. “Aristóteles, por exemplo, já não aparecia há algum tempo, e o Foucault caiu no ano passado, junto com questões de existencialismo”, afirma. “Diferentemente de outros anos, o nome do autor ou filósofo não estava claro no texto. Era preciso entender o contexto e o conteúdo para reconhecer, por exemplo, que se tratava de uma questão sobre Kant.”
“Foi uma prova fácil no geral, pois os textos não eram dos próprios filósofos e, sim, de autores discutindo filosofia. Isso tornou a interpretação mais acessível”, diz Lara Rocha, professora de Humanas do Descomplica.
Para Rafael Lancelloti, professsor de Filosofia e Sociologia do Cursinho da Poli, as questões de filosofia nível acima, complexa. “Precisava que o aluno tivesse um certo conhecimento sobre teorias, filósofos. Questões bem feitas, tirando a dificuldade – questões que envolvem ética e epistemologia”, avalia Lancelloti.
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Alex Lorel
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