A maioria das vítimas morreu na cidade de Valência e arredores. Governo espanhol foi criticado por não mandar avisos prévios de inundação. Após enchente histórica, carros ficam empilhados e presos na lama
Ao menos 89 pessoas seguem desaparecidas devido às enchentes no leste da Espanha, segundo informações de autoridades judiciais regionais em Valência divulgadas nesta terça-feira (5).
O número contabiliza apenas os relatos de famílias que forneceram dados e amostras biológicas para a identificação de seus parentes, disse o Tribunal Superior de Justiça da Região de Valência em um comunicado.
A enchente história na Espanha já deixou ao menos 219 mortos no país. Só em Valência, a terceira maior cidade do país, são 214 mortos. As outras cinco pessoas morreram nos estados vizinhos de Castilla-La Mancha e Andaluzia.
Com danos que lembram um forte furacão ou tsunami, as enchentes que atingiram a região de Valência nesta semana, derivadas de uma tempestade que durou oito horas, foram as piores já registradas neste século, segundo a Agência Estatal de Meteorologia espanhola (Aemet).
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Dias após as enchentes e em meio a um cenário de “terra arrasada” com centenas de carros empilhados pelas ruas, moradores da região metropolitana de Valência estão sem comida, energia e água, e lojas foram saqueadas. Voluntários estão indo à região levando doações.
Na Espanha, autoridades afirmaram que a enchente foi a pior tragédia ambiental do século no país.
A tragédia já é o pior desastre relacionado a enchentes na história moderna da Espanha, e o número de mortos agora é o mais alto para um único país na Europa desde que as enchentes na Romênia mataram 209 pessoas em 1970.
O governo espanhol determinou o envio do Exército para a região nesta sexta. Segundo o governo, militares ajudarão na limpeza de ruas e no envio de alimentos a moradores do sul de Valência, a parte mais afetada pela enchente. Milhares de voluntários estão chegaram à cidade nesta sexta com rodos e alimentos para ajudar a população local nos trabalhos de limpeza e a se recuperar das enchentes.
Nesta sexta, sem comida, energia e água, moradores do sul de Valência, a parte mais afetada, pediram ajuda ao governo, a quem criticam pela demora no envio de alertas sobre o temporal.
Desde quinta-feira, centenas de pessoas começaram a ir ao sul de Valência com rodos e alimentos em mutirões organizados pelas redes sociais para ajudar a população local. Nesta manhã, no entanto, a Defesa Civil pediu para que voluntários parem de ir à região afetada para não atrapalhar o trabalho de resgate, que ainda estava em curso nesta sexta.
Equipes de resgate ainda buscavam por corpos de vítimas nesta sexta, principalmente nos bairros do sul e nos municípios ao lado de Valencia, como Paiporta e Torrent, os mais afetados. A suspeita é que a maioria dos desparecidos estejam dentro de carros que foram engolidos pela lama.
Bombeiro descansa diante de pilha de carros que ficaram presos na entrada de um túnel em Valência, na Espanha, durante uma enchente história na região, em 1º de novembro de 2024.
Susana Vera/ Reuters
Enchente histórica na Espanha: Bombeiros bombeiam água da enchente para fora de túnel onde veículos ficaram empilhados em Alfafar, Valência, em 1º de novembro de 2024.
Reuters/Susana Vera
Moradores locais relataram que muitas pessoas saíram de casa no início da tempestade para tirar seus carros de garagens no subsolo de prédios, mas acabaram surpreendidos pela enchente.
A costa mediterrânea da Espanha, onde a cidade de Valência está localizada, está acostumada a tempestades de outono que podem causar enchentes, mas esta foi a mais poderosa a atingir a região neste século.
Cientistas relacionam o evento às mudanças climáticas, que aumentaram a temperatura do mar Mediterrâneo.
Bombeiros da Espanha resgatam bebê e idosa de helicóptero em Valência
Bombeiro observa carro submerso na lama em Paiporta, bairro no sul de Valência, na Espanha, após enchente que matou mais de 150 pessoas, em 1º de novembro de 2024.
Nacho Doce/ Reuters
A enchente foi considerada pelo governo da Espanha o pior desastre do século 21 no país. Em apenas oito horas, choveu o esperado para o ano inteiro na região afetada.
O ministro dos Transportes e da Mobilidade espanhol, Óscar Puente, disse que cerca de 80 km de rodovias no leste do país estão seriamente danificadas ou bloqueadas, muitas delas por carros abandonados.
As enchentes, provocadas por chuvas torrenciais, deixaram um rastro de destruição, e exigiram esforços de resgate para atender a população afetada em diversos municípios no leste do país. A força das águas arrastou carros e transformou ruas de vilarejos em rios. Veículos destruídos ficaram empilhados, fios de energia caíram e móveis domésticos ficaram atolados em uma camada de lama pelas ruas.
Uma ponte foi derrubada pela força da correnteza de um rio em Picanya, e uma mulher foi resgatada de helicóptero com um cachorro no colo e a água batendo em seu pescoço em Utiel, a oeste da cidade de Valência.
Um bebê e uma idosa foram resgatados da enchente por helicóptero nos municípios de Alzira, ao sul do estado, e Catarroja, ao sul da região metropolitana de Valência, respectivamente.
Queixas de demora no envio de alertas
Após chuvas torrenciais, pilha de carros e lama tomam estrada nos arredores de Valência, na Espanha, em 31 de outubro de 2024.
Reuters/Eva Manez
Passada a calamidade inicial, o governo da Espanha vem sendo alvo de uma onda de críticas sobre a demora no envio de alertas pela enchente.
Moradores locais relataram que esse alerta só foi enviado por volta das 20h no horário local, quando a água já arrastava carros por ruas da cidade.
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Mulher é resgatada com cachorro no colo e água no pescoço em enchente na Espanha
Ponte é destruída por forte correnteza de rio durante tempestade na Espanha
Pior enchente do século na Espanha
Carros empilhados em rua de Valencia após inundação em 30 de outubro de 2024.
AP Foto/Alberto Saiz
As enchentes começaram após chuvas torrenciais que atingiram a região de Valência na terça-feira (29).
As tempestades levaram as autoridades nas áreas mais atingidas a aconselhar os cidadãos a ficarem em casa. O presidente regional do leste de Valência, Carlos Mazón, disse nesta quarta que algumas pessoas permaneciam isoladas pelas enchentes.
“Se os [serviços de emergência] não chegaram, não é por falta de recursos ou disposição, mas por um problema de acesso,” disse Mazón, acrescentando que alcançar certas áreas era “absolutamente impossível.”
O serviço meteorológico das regiões de Valência e da Catalunha emitiu alertas vermelhos para tempestades com ventos fortes e granizo.
Vídeos compartilhados nas redes sociais durante a noite mostraram pessoas presas pelas águas da enchente e outras em árvores para evitar serem levadas pela correnteza.
Trilho de trem em Picanya, perto de Valencia, na Espanha, após passagem de chuvas torrenciais, em 30 de outubro de 2024.
Jose Jordan/ AFP
Homem caminha sobre lama em Picanya, perto de Valencia, após região ser atingida por chuvas torrenciais, em 30 de setembro de 2024.
Jose Jordan/ AFP
Carros empilhados no bairro de La Torre, no sul da cidade de Valencia, em 30 de outubro de 2024.
Alberto Saiz/ AP
Chuvas torrenciais em Valência, na Espanha, provocaram o desabamento parcial de ponte sobre rio no dia 30 de outubro de 2024
Eva Mañez/Reuters
Rua inundada com carros destruídos após enchentes em Valencia, na Espanha, em 30 de outubro de 2024.
AP Foto/Alberto Saiz
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Alex Lorel
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