A água e lama que atingiram principalmente a região de Valência deixaram um rastro de edifícios destruídos, milhares de automóveis empilhados nas estradas, pontes e ferrovias que devem ser reconstruídas e muitas empresas na ruína. Homem caminha sobre carros arrastados por enchente histórica em Sedavi, Valência, na Espanha, em 31 de outubro de 2024
Reuters/Susana Vera
O custo das inundações que devastaram o sudeste da Espanha promete ser astronômico, mas ainda é complicado calcular o valor devido à magnitude dos danos. Este será um desafio para o Estado e as seguradoras.
A água e lama que atingiram principalmente a região de Valência deixaram um rastro de edifícios destruídos, milhares de automóveis empilhados nas estradas, pontes e ferrovias que devem ser reconstruídas e muitas empresas na ruína, em particular no setor agrícola.
“Vamos enfrentar o sinistro mais importante por eventos climáticos que já sofremos na Espanha”, disse Mirenchu del Valle, presidente da federação de seguradoras Unespa.
As seguradoras na Espanha têm, em caso de catástrofe natural, um fundo de garantia comum, financiado com parte das apólices de seguro convencionais. Este fundo é administrado pela CCS, vinculada ao Ministério da Economia, a entidade que cobrirá a maior parte das indenizações.
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“Ainda é cedo para fazer estimativas, mas à medida que observamos mais imagens, sabemos que, em termos econômicos, certamente terá um custo elevadíssimo”, afirmou Celedonio Villamayor, diretor do órgão responsável por pagar indenizações em caso de desastre natural, o CCS.
As inundações de julho de 2021 que afetaram Alemanha, Bélgica, França, Áustria e Países Baixos, com um balanço de mais de 200 mortos, tiveram um custo de US$ 43 bilhões ( R$ 249 bilhões na cotação atual), segundo a resseguradora Swiss Re.
Consequências incalculáveis
Independente do custo final, as inundações pesarão sobre as finanças do Estado e da região da Comunidade Valenciana, a mais afetada pelas chuvas torrenciais, que deixaram pelo menos 218 mortos.
O governo regional já anunciou uma ajuda de emergência de 250 milhões de euros ( US$ 270 milhões, R$ 1,56 bilhão), isenções fiscais e compensações para as empresas.
Ao lado do governo central, as autoridades financiarão os custos das operações de limpeza e das obras de reconstrução.
Bombeiro descansa diante de pilha de carros que ficaram presos na entrada de um túnel em Valência, na Espanha, em 1º de novembro de 2024.
Susana Vera/ Reuters
O Ministério dos Transportes calculou os “investimentos necessários” para restaurar a rede de transporte em 2,6 bilhões de euros ( US$ 2,83 bilhões de dólares, R$ 16 bilhões), uma avaliação ainda “provisória”.
Mas a maior parte da conta será enviada ao setor de seguros, que precisará indenizar empresas e cidadãos.
Segundo uma estimativa inicial da Câmara de Comércio de Valência, 4.,5 mil estabelecimentos comerciais de rua podem ter sido afetados. Áreas industriais também foram atingidas e as empresas de transporte da região perderam vários caminhões.
No setor rural, os danos também são enormes, em particular para os produtos cítricos, dos quais a região de Valência é uma das principais exportadoras. O sindicato agrícola regional ‘La Unión’ calcula que 50 mil hectares de plantações foram afetados.
O custo para o setor pode alcançar 150 milhões de euros ( US$ 163 milhões, R$ 944 milhões), de acordo com uma estimativa inicial da Agroseguro, entidade que administra os seguros agrícolas.
Vista aérea mostra trecho de ponte que foi levada por força das águas após temporal atingir a região de Valência, em 1º de novembro de 2024.
Susana Vera/ Reuters
As perdas são “catastróficas” e suas “consequências incalculáveis”, destacou o sindicato Asaja.
O ministro da Economia, Carlos Cuerpo, anunciou que “400 peritos” avaliam os danos na região. Ele também informou que o governo recebeu 46.000 pedidos de indenizações, um nível sem precedentes.
Fontes do setor garantiram que o sistema tem reservas suficientes para pagar os custos.
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